
Após semanas de incerteza, Visate e funcionários nunca estiveram tão próximos de um acordo para dar fim ao impasse do transporte público coletivo em Caxias do Sul. Às 6h desta segunda-feira, os trabalhadores terão uma assembleia para avaliar a proposta de reajuste salarial encaminhada pela empresa ainda na sexta-feira, mas que só será apresentada durante o encontro. A previsão é de que a reunião dure entre 30 minutos e uma hora, por isso até as 7h não haverá saída de ônibus da garagem.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários, Tacimer Kullmann da Silva, considera que, mesmo que não haja aceite da proposta no primeiro momento, não deve se repetir a greve realizada há uma semana. Embora Tacimer não divulgue o percentual de reajuste, informações extra-oficiais dão conta de que seria o índice da inflação nacional do ano passado, de 6,29%.
– Saímos do zero para alguma coisa. Pelo menos agora temos uma proposta, que iremos apresentar aos trabalhadores. Mas acredito que, mesmo que seja rejeitada ou precise passar por algum ajuste, não deva haver paralisação. A população não pode sair prejudicada – destaca Tacimer.
Na segunda-feira passada, os trabalhadores cruzaram os braços e nenhum ônibus circulou na cidade durante o dia, provocando transtornos como a queda de 40% no movimento do comércio e de mais 900 estudantes que não puderam se deslocar para colégios e faculdades. No mesmo dia, em reunião no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), em Porto Alegre, o sindicato assinou um acordo para legalizar a próxima paralisação caso a Visate não ceda em relação ao dissídio.
Embora seja uma hipótese improvável, caso os trabalhadores descumpram o acordado e os ônibus não circulem, a prefeitura se precaveu. Ainda na sexta-feira, foi publicado no Diário Oficial o Decreto 18.723, assinado pelo prefeito Daniel Guerra (PRB), que autoriza o credenciamento emergencial de empresas privadas para operar o transporte coletivo em caso de greve ou paralisação ilegal. Empresas interessadas terão de se cadastrar na Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana (SMTTM). Nestes casos, o preço cobrado pela passagem não poderá ser superior aos R$ 3,40 da tarifa vigente.
Ao mesmo tempo, o Sindicato Intermunicipal das Empresas de Transporte de Passageiros por Fretamento e Turismo de Caxias do Sul e o Sindilojas estabeleceram uma parceria com a agência de transporte coletivo Murbi, cujas seis empresas a ela vinculadas e outras quatro convidadas irão disponibilizar veículos gratuitos à população em caso de greve, se não for cumprida a oferta mínima de horários previstos na liminar do TRT. A medida foi autorizada pela SMTTM.