A ação da prefeitura para fiscalizar os vendedores ambulantes desde a sexta-feira no Centro de Caxias fez com que o cenário da Avenida Júlio de Castilhos mudasse bastante. Neste sábado, com a presença dos guardas municipais, nenhum comerciante de rua foi visto trabalhando pelo calçadão. Pela manhã, um impasse entre um casal indígena e guardas municipais resultou em autuação e registro na Polícia Civil.
Leia mais:
Operação que combate ambulantes no Centro de Caxias funcionará em horário fixo
Daniel Guerra anuncia os subprefeitos que irão atuar em 11 localidades de Caxias do Sul
Elói Frizzo inicia o sexto mandato na Câmara de Caxias
Vereador reage a declaração de secretário de Caxias e deflagra mal-estar
Confira os telefones dos vereadores de Caxias do Sul
Ainda que tenham autorização para vender artesanato nas áreas centrais da cidade, os índios não podem vender produtos industrializados - desta forma, entram para a mesma categoria dos ambulantes, que estão proibidos de atuar. O impasse neste sábado ocorreu por volta das 9h30min, quando guardas municipais tentaram remover um casal que vendia chapéus e outros itens próximo da esquina da avenida com a Visconde de Pelotas. Eles teriam resistido à abordagem e os guardas precisaram usar arma de choque para levá-los à delegacia. A cena provocou indignação de quem assistia.
– O pessoal está trabalhando, não são criminosos. Foi tudo na frente das crianças, achei abuso de autoridade. Eles estão pegando pesado – opinou Marcelo de Lima Maciel, que filmou parte do impasse e divulgou nas redes sociais, tornando o assunto ainda mais público.
Trabalhando na Júlio, Vanessa da Silva classifica a ação como "horrível" por ter acontecido na frente das crianças do casal. Uma atendente de comércio próximo dali, no entanto, acha que foi necessária a força dos guardas para reverter a situação:
– Eles conversaram mais de 20 minutos com os índios, e eles não cederam. Eles resistiram até o fim para tirar as coisas dali.
A ação da prefeitura chama-se Operação Centro Legal e envolve guardas municipais que passarão a coibir a venda irregular, atuando de forma fixa de segunda a sábado, das 8h às 18h. Segundo o secretário de Segurança Pública e Proteção Social, José Francisco Mallmann, a situação dos índigenas que comercializam produtos importados assemelha-se a qualquer vendedor ilegal.
– Eles só podem vender artesanato, e foram alertados sobre isto ainda na sexta. Eles insistiram, provocaram. Eles precisam se submeter e respeitar nossa legislação. Nos disseram que vendem pouco quando é artesanato, nós entendemos, mas é ilegal – define.
O Pioneiro circulou pela Júlio de Castilhos na tarde de sábado e não localizou nenhum representante indígena para um contraponto. Segundo o secretário, a remoção de índios que venderem produtos industrializados será feita sempre que necessária.
O casal mostrado nas filmagens foi levado à delegacia e responderá em liberdade por desacato e desobediência. Os produtos foram apreendidos.