
O assalto a uma joalheria na Rua Marquês do Herval, que terminou com quatro pessoas baleadas próximo à parada de ônibus da Catedral Diocesana de Caxias do Sul, escancarou uma triste realidade: nem o movimentado centro da cidade está imune a roubos e violência. O caso chama a atenção porque ocorreu à luz do dia – no meio da tarde de uma segunda-feira – e nas proximidades de três unidades da Polícia Civil. No mesmo dia, dezenas de policiais ainda se reuniram a poucos passos dali para uma homenagem na Praça Dante Alighieri.
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Situações assim mostram que os criminosos estão ainda mais petulantes e sem medo das consequências. Um levantamento feito pelo Pioneiro no mês de julho apontou o registro de 78 assaltos na área central, uma média de cinco crimes a cada dois dias (confira cada crime no mapa abaixo). A pesquisa se baseou nos casos de roubos (quando o ladrão ameaça a integridade física da vítima) registrados na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) no Centro e bairros adjacentes como São Pelegrino, Lourdes e Exposição. A definição pelos quatro bairros foi feita para coincidir com a área de investigação do 1º Distrito Policial (1º DP).
Onde ocorreram os crimes no centro em julho:
Os 78 registros, porém, são apenas uma amostra da criminalidade e não são oficiais. Outra consideração importante é que muitos roubos de pequeno valor não são registrados pelas vítimas. Por último, não foram contabilizados os roubos com lesões, que são tipificados de maneira diferente e investigados pela Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec).
Apesar destas considerações, os dados impressionam. Foram 53 roubos a pedestres nessas quatro áreas em 31 dias. Ocorreram ainda cinco assaltos em paradas de ônibus e 20 ataques a estabelecimentos comerciais. Na maioria dos crimes (45%), as vítimas ficaram na mira de uma arma de fogo.
– A tensão é diária. Passamos o dia inteiro olhando o sistema de câmeras e quem se aproxima. (Este medo) gera uma impressão ruim sobre gurizada que usa moletom com capuz ou boné, afinal já criamos este perfil pelas características dos assaltantes. Já deixei de ir almoçar com medo de abrir a porta e ser rendido por um ladrão – relata o dono de uma lotérica da área central que, por segurança, prefere não ser identificado.
Responsável pelo policiamento ostensivo na região, o capitão Marcelo Constante ressalta que, em razão do elevado número de pessoas circulando, a área central é uma prioridade da BM. Porém, a atual legislação, que ele descreve como branda, que não mantém os bandidos presos, permite este avanço da criminalidade:
– Os índices não estão conforme gostaríamos. Mas estamos trabalhando forte. Em julho, efetuamos 190 prisões e apreendemos 34 armas de fogo na cidade. A maioria dos assaltos é com arma de fogo, então estas apreensões são uma estratégia para coibir o crime de roubo. Porém, em razão de uma legislação benevolente ao criminoso, a reincidência é visível e latente. O exemplo maior é o roubo à joalheria, que o assaltante já tinha sido preso sete vezes pela BM e estava foragido do sistema penal – resume.