Foi meu pai quem me ensinou a situar os pontos cardeais. Certo dia, ainda manhã cedo, como eu andasse a encher-lhe os tubos fazendo perguntas (dizem as lendas familiares que eu meio que já nasci fazendo perguntas e, crendo nelas, mais tarde decidi transformar o traço de caráter em instrumento crucial de profissão ao mergulhar na carreira jornalística, por meio da qual consigo ganhar a vida fazendo perguntas), levou-me para fora de casa, na varanda, e me posicionou voltado para o tronco de uma enorme timbaúva que dominava todo o pátio.
– Estende os braços –ordenou.
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Estendi e, na posição de espantalho preparado para afugentar uma dúvida, botei-me a aprender.
Marcos Kirst
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Marcos Kirst
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