Basta dezembro chegar e a virada de ano ficar cada vez mais próxima para que as pessoas comecem a planejar inúmeras metas e objetivos para os 12 meses seguintes. Seja na base do papel e caneta, utilizando algum aparelho eletrônico ou simplesmente mentalizando aquilo que se deseja, quem nunca criou listas sobre o que fazer no ano seguinte, não é mesmo?
Contudo, nem sempre traçar planos para a virada de ano pode ser algo saudável. Se você não souber como administrar seus desejos e lidar com as frustrações, quem sofre é a sua saúde mental.
Então, de que maneira controlar as expectativas para 2022 e ainda manter o psicológico em dia? Conversamos com a psicóloga e coordenadora do Curso de Psicologia do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG), Ana Cláudia Zampieri, que explicou como isso é possível.
Qual limite devemos ter ao criar e alimentar expectativas?
Uma das principais causas para a frustração é quando as expectativas criadas acerca de algo ou alguém não são correspondidas. Para a psicóloga, o período de final de ano é um potencializador desta questão. “Fim do ano funciona, para muitos, como um rito de passagem, seguimos o calendário e vamos repetindo um comportamento. É um período bastante emblemático, onde as pessoas projetam a possibilidade de rever e resgatar o que não foi possível realizar no ano anterior”, afirma.
Conforme ela, controlar as expectativas é entender que muitos dos planos traçados fogem do nosso controle. “A pandemia é um ótimo exemplo de como existem coisas que estão fora da nossa alçada de decisão, que não temos como controlar. Nem sempre - ou quase nunca - os planos que fazemos dependem somente de nós mesmos para se concretizarem e compreender isso é um grande passo para aprender a controlar e alimentar as expectativas. O limite é ter autoconhecimento suficiente para entender o que é ou não possível de realizar”.
Como lidar com a frustração dos planos que não foram bem-sucedidos?
De acordo com Zampieri, uma boa estratégia para evitar se decepcionar com um plano que não for bem-sucedido é dividi-lo em diversas partes. “Precisamos entender que sempre existirão percalços, contudo, tendo consciência do que conseguimos ou não realizar. Cada pequeno objetivo que superarmos, será uma vitória a ser comemorada”, explica.
A psicóloga ainda ressalta que não devemos criar metas que só serão possíveis de serem colocadas em prática na nossa imaginação. “Sonhar faz parte, porém, devemos evitar ao máximo projetar realidades fantasiosas, que no fundo nós sabemos que não poderemos alcançar em um determinado período de tempo. Precisamos criar planos reais e que se encaixem nas nossas possibilidades, até mesmo para que não haja uma autocobrança caso não dê certo”.
Cuidado para não tirar seus próprios méritos
Para Ana Cláudia Zampieri, deve-se ter cuidado com os misticismos da virada de ano, para que estes não façam com que as pessoas tirem os próprios méritos de suas conquistas. “Os ritos renovam a esperança, como passar a virada de ano usando branco, amarelo, pulando ondas ou outros. Entretanto, é preciso ter cautela ao depositar muita fé nessas tradições, de modo que não tirem do indivíduo a responsabilidade e satisfação por determinada conquista, que é única e exclusiva dele mesmo”, pondera.
Sobre a busca por mudança, ela explica que isso não é algo que precisa ser constante. “A busca por mudança deve ser algo inerente à vida do ser humano, faz parte de quem somos. O que nos difere é que, para cada um, falta uma coisa específica, todos temos nossas próprias necessidades, sonhos e desejos. O problema em si não está na ausência de algo, mas naquilo que projetamos nisso. O mais efetivo é trabalharmos sempre o autoconhecimento”.
Excesso de planos e expectativas pode causar inúmeras doenças
De acordo com a psicóloga, um descontrole com relação a quantidade e intensidade de planos e expectativas criados por uma pessoa podem causar diversas doenças psicológicas. “Uma das principais é a ansiedade, motivada por a pessoa estar sempre tentando antecipar algo que não está no momento certo de acontecer. A depressão pode vir como uma consequência, quando é projetado algo que não é necessariamente o que o indivíduo precisa”, explica.
Zampieri destaca que é preciso aprendermos a lidar também com as derrotas. “A forma como encaramos algo que não deu certo varia de pessoa para pessoa. Precisamos aprender a impor limites em nós mesmos e entender que nem tudo o que almejamos em determinado momento vai acontecer. Quanto mais alguém tem isso fortalecido e amadurecido dentro de si, melhor vai lidar com os problemas”, conclui.
Conheça algumas práticas que vão ajudar a manter sua saúde mental em dia
Separamos 10 dicas que, conforme o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), são úteis para manter a sua saúde mental em dia. Confira:
● Tenha uma boa alimentação;
● Pratique atividade física;
● Esteja em contato com a natureza;
● Faça algo que lhe dê prazer;
● Priorize o seu sono;
● Dedique momentos para ficar perto de quem você gosta;
● Reserve um tempo para esporte e lazer;
● Ajude o próximo;
● Desenvolva a sua fé;
● Conheça a si mesmo.
Também não deixe de procurar por uma ajuda profissional especializada em caso de necessidade. Planeje o seu 2022 da melhor maneira possível, conforme os seus sonhos e objetivos, mas lembre-se de não cometer exageros para não ficar se culpando depois no caso de algo não dar certo.
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