
Um ano após a maior enchente que atingiu o Estado, os municípios da Serra, juntamente com os governos estadual e federal, trabalharam especialmente em obras emergenciais para, na medida do possível, retomar à normalidade da região. Entre os trabalhos, estruturas fundamentais para o funcionamento regional, como a nova ponte entre Caxias do Sul e Nova Petrópolis na BR-116. A lista de pendências para as cidades em relação aos impactos da chuva reduziu neste período, mesmo que ainda existam pontos de atenção.
Em maio de 2024, a Serra chegou a ficar praticamente ilhada. Em determinado momento, havia apenas a RS-453, a Rota do Sol, para transitar, por exemplo, entre Caxias e Porto Alegre. Rodovias estaduais e federais foram severamente afetadas, como a RS-122, a RS-431, a BR-470 e a BR-116. Em meio ao caos do trânsito, deslizamentos também vitimaram moradores da região, especialmente em Caxias (no bairro Galópolis), Gramado, Veranópolis e Bento Gonçalves. Foram 40 mortes na região – sendo que há vítimas que nunca foram encontradas.
A seguir, confira como ficou a região após o primeiro ano da tragédia gaúcha, completado nesta quinta-feira (1º).

Vítimas nunca foram encontradas
Oficialmente, a Defesa Civil do Estado registra 40 mortes na Serra. As cidades com mais vítimas foram Bento Gonçalves (11), Caxias do Sul (9), Gramado (7) e Veranópolis (5). Porém, além dos óbitos, há aquelas vítimas que nunca foram encontradas e são consideradas desaparecidas pelas autoridades. Nesse caso, são quatro vítimas em Bento e uma em Caxias, por conta do deslizamento que atingiu o bairro Galópolis.
Relembre as vítimas da tragédia na Serra:
Bento Gonçalves (11)
- Alice Estivalet Santos
- Avelino Marchiori
- Anilton de Oliveira Santos
- Luiz Carlos Schutkovski
- Artemio Cobalchini
- Eva Valiatti Marchiori
- Ivonete Maria Cobalchini
- Mateus Tansani
- Natália Cobalchini
- Romualdo Franco
- Sandra Maria Passarin Prudêncio
Boa Vista do Sul (2)
- Andrigo Oliveira de Avila
- Paloma Mello da Silva
Canela (2)
- Jose Alzemiro de Moraes
- Marina de Brito de Moraes
Caxias do Sul (9)
- Denise Pacheco
- Elci Terezinha Ribeiro da Silva
- Luciano Henrique Santos Lacava
- Leandro Fortes Carvalho
- Luiz Odilon Rosa
- Maria Cristina Pacheco
- Maria do Carmo de Souza Rosa
- Matheus Pereira
- Rodrigo Luis Pereira
Farroupilha (1)
- Catharina Rizzardo Belle
Gramado (7)
- Jocemar Zimmermann Branchine
- Kaíque Andriel Ludvig Santos
- Matilde Veronica Zimmermann
- Nitiele Ludvig
- Noeli da Rosa Duarte
- Rudimar Branchine
- Silvio Antônio Pellicioli
Nova Petrópolis (1)
- Adolfo Stahnke
São Vendelino (2)
- José Adair Oliveira
- Wagner Oliveira
Veranópolis (5)
- Carolina Silveira Lopes
- Dirceu Milani
- Elisa Bucco Tomasi
- Luiz Dutra
- Rodrigo Cagol
Desaparecidos
Bento Gonçalves (4)
- Carine Milano
- Isabel Velere Antonello Gallon
- Lourdes Helena Lazarini
- Nelsa Faccin Gallon
Caxias do Sul (1)
- Doceliria Lourenço da Silva

O que está pendente nas rodovias
Entre as principais ligações da região, quatro obras ainda não foram concluídas – duas sequer iniciaram. Nas rodovias federais, os trabalhos acontecem entre os kms 176 e 181 da BR-116, em Nova Petrópolis, e entre os kms 185 e 202 da BR-470, na Serra do Rio das Antas.
No caso da BR-116, entre Caxias e Nova Petrópolis, os problemas na rodovia vêm desde a metade de 2023, sempre causados por chuva. Na enchente de maio, o impacto agravou-se, inclusive com a ponte entre Caxias e Nova Petrópolis, perto de Vila Cristina, cedendo. A União, com investimento de R$ 31 milhões, construiu uma nova estrutura em seis meses, com entrega ainda em dezembro do ano passado. No momento, restam os trabalhos no trecho citado anteriormente.
Já a BR-470, entre Bento e Veranópolis, passa por uma verdadeira reconstrução. A rodovia foi uma das mais afetadas com deslizamentos de terra, especialmente próximo ao Ponte dos Arcos, entre Bento Gonçalves e Veranópolis. Não há ainda um prazo divulgado para a conclusão dos trabalhos nas duas rodovias federais.
A BR-470 está funcionando em sistema de comboio, enquanto a BR-116 segue com o sistema pare e siga.
Enquanto isso, nas rodovias estaduais, segue pendente a construção da Ponte de Vista Alegre do Prata, na RS-441, e o início das obras na RS-431, entre Bento e Santa Bárbara. No fim de janeiro, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) anunciou os recursos para um pacote de estradas e pontes do Plano Rio Grande. Os dois trabalhos estão previstos nesses investimentos. No caso da ponte, conforme a assessoria do Daer, o projeto está em elaboração. O valor dela será de R$ 17,4 mil, com 155 metros de extensão, com prazo de conclusão de 12 meses a partir da ordem de início. Segundo a comunicação, o prazo limite para entrega é o primeiro semestre de 2026.
Durante o ano, outras demandas de mesmo porte chegaram a ser entregues. Foi o caso da ponte na RS-431, na ligação entre Cotiporã e Bento. Com recurso de R$ 4,5 milhões da Secretaria Nacional da Proteção e da Defesa Civil, a estrutura foi liberada no fim de dezembro para o tráfego de veículos.
Uma das principais rodovias da Serra, a RS-122, que também foi severamente impactada durante a chuva, não apresenta bloqueios. O trecho é administrado pela concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG).

Como estão as barragens
No início de maio, a cheia dos rios na Serra também criou estado de alerta nas barragens que operam na região. A situação que mais chamou atenção foi na Usina Hidrelétrica (UHE) 14 de Julho, entre Bento Gonçalves e Cotiporã. Em 2 de maio, a estrutura que está no Rio das Antas rompeu parcialmente, como havia sido confirmado pela Companhia Energética Rio das Antas (Ceran). O nível do rio ultrapassou os 23 metros. Por conta da situação, os protocolos de segurança foram seguidos e a população ao redor da 14 de Julho foi evacuada.
Um ano depois, segundo informa a assessoria da Ceran, as três usinas administradas pela empresa (as outras são a Monte Claro e Castro Alves) estão operando normalmente. Duas delas, que sofreram impactos com a enchente, estão praticamente recuperadas.
No caso da 14 de Julho, a altura da barragem foi recuperada em dezembro, o que permite que a usina funcione em condições de projeto. Conforme a assessoria, acabamentos da obra estão perto de serem finalizados, com a adequação do perfil hidráulico.
Já na Usina Monte Claro, entre Nova Roma do Sul, Veranópolis, Bento e Pinto Bandeira, a Casa de Força havia sido inundada. A primeira unidade geradora foi totalmente recuperada em dezembro, enquanto a segunda, segundo a comunicação da Ceran, está perto de ser concluída. Enquanto isso, a Usina Castro Alves, entre Nova Roma do Sul, Antonio Prado, Nova Pádua e Flores da Cunha, não sofreu impactos. Em 29 de maio, inclusive, está previsto um Simulado de Emergência na Zona de Autossalvamento (ZAS).