
Nos quatro primeiros meses de 2025, Caxias do Sul já registrou 944 focos do mosquito da dengue, Aedes aegypti, na cidade segundo novo boletim da Vigilância Ambiental em Saúde, divulgado nesta terça-feira (22). Todos os criadouros já foram eliminados, mas o número ultrapassou toda a marca de 2024 — que foi 899. Segundo o diretor do setor, Rogério Poletto, o aumento se deve às ações de fiscalização mais recorrentes nos bairros. Desde o início do ano, foram confirmados 57 casos da doença, com duas internações, mas a maioria já solucionados.
Desde 2012, Caxias do Sul tem o diagnóstico de infestação — isto é, quando o mosquito já se adaptou ao terreno, residências e condições climáticas, tornando-se uma espécie de "habitante" do município. Em 2025, conforme explicou o diretor, o acréscimo no número de agentes de combate às endemias, a ativação das mais de 200 armadilhas e outras ações de fiscalização fizeram com que fossem localizados mais focos do mosquito em todos os bairros da cidade.
— Neste ano, desde janeiro, tivemos a introdução de armadilhas de monitoramento. Até o fim de abril, vamos ter 217 ativas. Com isso, aumentou o número de focos comparado ao ano passado, pois não tínhamos instalado essa ferramenta no verão, por exemplo. O outro fator que também influencia nesse crescimento é o ingresso de mais agentes de combate às endemias. Então, eles estão fazendo mais visitas e, consequentemente, estão encontrando mais locais com água parada e coletando mais amostras. Além de, claro, a adaptação do mosquito na cidade — destacou Rogério.
Também analisando com 2024, nesse mesmo período, já eram registrados 100 casos de dengue, ultrapassando a soma de toda a série histórica, de 2015 a 2023, que era de 82 casos, correspondentes aos anos completos e não apenas aos quatro primeiros meses. De janeiro até terça-feira (22), foram 57 infectados. Segundo a assessoria da Vigilância, duas pessoas precisaram de internação, mas já tiveram alta, e a maioria dos outros casos já foram sanados.
O diretor também atribui a redução dos casos confirmados às ações de fiscalização na cidade e a aplicação de inseticida residual nos prédios públicos. De dezembro de 2024 até o momento, 283 estruturas receberam a aplicação, desde a prefeitura até unidades de saúde e escolas municipais e estaduais.
— A gente fica bastante feliz porque essa redução pode estar ocorrendo devido ao nosso trabalho. Estamos conseguindo alcançar mais pessoas, estamos com um carro de som nos bairros, instalando as armadilhas, aplicando o inseticida nos pontos mais críticos a cada dois meses, além da aplicação nos prédios públicos. Essas atividades foram acrescidas no que a gente vinha fazendo anteriormente e teve esse impacto — comentou Poletto.
Já em Porto Alegre, os casos de dengue aumentaram consideravelmente, fazendo com que o prefeito Sebastião Melo, decretasse situação de emergência em saúde pública por conta da doença. O município tem quase 20 mil casos suspeitos e 4,2 mil confirmados, além de ter registrado dois óbitos pela doença.
População precisa estar atenta
Mesmo que não haja tantos casos de dengue na cidade, Rogério ressaltou como a população precisa estar mais atenta e auxiliar no combate à proliferação do mosquito. Conforme destacou, 75% dos focos foram localizados em residências, principalmente nas caixas d'água, ralos externos e em vasos de plantas.
— Hoje, a captação de água da chuva é o nosso grande problema com os focos. A água parada faz com que o mosquito se prolifere, por isso é preciso que as caixas d'água estejam bem tampadas, os ralos externos devem ter telas. Também é necessário cuidar das lonas sobre materiais de construção, que criam aqueles bolsão de água, ver se não tem nenhum pneu jogado nos pátios ou em terrenos baldios, além do cuidado com as plantas e os vasos — salientou o diretor.
Orientações para evitar a proliferação
- Limpar com escovação semanal o recipiente de água dos animais domésticos.
- Recolher o lixo do pátio.
- Colocar o lixo ensacado para ser recolhido pela Codeca.
- Recolher pneus inservíveis e armazená-los em locais secos e protegidos da chuva, ou encaminhá-los à Central de Armazenamento de Pneus Inservíveis da Codeca.
- Tampar caixas d’água.
- Colocar telas milimétricas em caixas d’águas descobertas, reservatórios de captação de água da chuva e nos ralos.
- Limpar as calhas.
- Semanalmente, lavar e escovar piscinas plásticas, trocando a água
- Eliminar os pratinhos das plantas.
O que são as armadilhas para o mosquito?
Uma das ações preventivas da Vigilância Ambiental em Saúde de Caxias para o controle e a eliminação de criadouros se dá por meio de armadilhas, chamadas ovitrampas, pequenos recipientes, semelhantes a um vaso de flor, em que são colocados água, um extrato de alimento e uma palheta de madeira com o propósito de diagnosticar o risco daquela região para a proliferação a partir da presença do vetor da dengue. Até o fim deste mês, serão 217 dispositivos instalados pela cidade.
Os agentes retornam para verificação cerca de uma semana depois, retiram a palheta e examinam o item em microscópio para saber se contêm ovos do Aedes aegypti.
— As que têm ovos, são positivas, as que não tem, são negativas. Fazemos esse monitoramento nessas armadilhas uma vez por mês — complementa Poletto.
Quando é o caso de sinal verde para criadouro do Aedes na ovitrampa, significa que o mosquito circula naquela área. A resposta dos agentes para isso é visitar endereços para alertar os moradores.