
O início do ano letivo de 2022 marcou o ingresso de novas tecnologias na rede municipal de Caxias do Sul. Na época, a prefeitura anunciava a entrada de chromebooks, mesas interativas e kits de robótica nas salas de aula. Inicialmente, os recursos foram empregados na Educação Infantil e no atendimento educacional especializado. Três anos depois, todas as 82 escolas de Ensino Fundamental e as 50 conveniadas da Educação Infantil contam com a tecnologia.
Diante da presença das ferramentas, os professores da rede municipal passaram por capacitações para melhor compreensão e aplicações dentro da metodologia de sala de aula. Localizada no bairro Charqueadas, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Nova Esperança, que atende 610 alunos, recebeu, ainda em 2022, 70 chromebooks, quatro mesas interativas — uma para atendimento educacional especializado e três para uso da EI e séries iniciais —, e kits de robótica.
— Qualquer recurso tecnológico, se não estiver atrelado a uma metodologia adequada, é só mais um recurso. É importante não só a capacitação, mas a compreensão real de como fazer o uso desse recurso tecnológico, que é isso que vai fazer toda a diferença nessa metodologia que tira o protagonismo do professor, que coloca o aluno na condição de protagonista, de pesquisador, que horizontaliza essa relação — avalia a Thaís Dedéa, diretora da Nova Esperança.
Thaís acredita que essas ferramentas são parcerias dos professores na sala de aula, e torna a escola um ambiente que pode oferecer atividades mais atrativas aos estudantes. Os chromebooks, similares a notebooks convencionais, tem acesso à internet e outras ferramentas, e são utilizados em todas as turmas. As mesas interativas, que contam com 25 aplicativos em cada, são utilizadas nas séries iniciais.

Já os kits de robótica, como o Explorador Kids, contam com um robô, conjunto de tapetes pedagógicos, software de programações e outros assessórios. O equipamento trabalha questões como o pensamento computacional, e são mais utilizados na Educação Infantil e primeiros anos do Fundamental. Para os mais velhos, há o Kit Steam, voltados à robótica e como objetivo buscar soluções para problemas reais.
— No caso dos chromebooks, todos nós temos acesso à informação na palma da mão, mas temos que trabalhar dentro da escola habilidades desde onde se pesquisa, o que se faz com a informação, se ela é de uma fonte confiável, não é somente a informação por si, mas é transformar ela em conhecimento. Na robótica, os alunos aprendem de forma colaborativa, eles constroem juntos, eles pesquisam, pensam em soluções, eu acho que é uma proposta interessante que instiga os alunos a quererem encontrar soluções, e a busca pela resolução de problemas é uma das competências que a escola precisa de fato desenvolver nos alunos.
Além disso, a Nova Esperança é a primeira escola municipal de Caxias a mudar o laboratório de informática e transformar em uma sala “maker” (criador, em tradução livre), ou “sala de aula mão na massa”, e que segue quatro pilares: criatividade, colaboratividade, escalabilidade e sustentabilidade. A sala vai além dos equipamentos fornecidos pela prefeitura, e contou com o apoio da Sicredi Pioneira para equipar o local. Todo renovado, o espaço recebeu bancadas e lousa interativa, por exemplo.
— No ano passado tivemos o projeto de três estudantes que foi premiado em uma das categorias da mostra IFTec, do Instituto Federal. Estudantes do sexto ano do Ensino Fundamental, que utilizaram o arduíno, uma placa programável, com sensores de umidade para detectar a necessidade da irrigação do solo, um projeto muito lindo. Veja quantas possibilidades que surgem através dessa pesquisa — relembra a diretora.
Ganho a mais em 2025
Segundo a Secretaria Municipal da Educação (Smed), o letramento digital é desenvolvimento por um componente curricular específico, o tecnomídias na etapa da Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, e de forma interdisciplinar nos Anos Finais. Todas as escolas contam com professor para o uso das tecnologias, que recebe formação continuada com base na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Computação.
— Esses recursos vêm de encontro com ações pedagógicas de criatividade, de acesso a esses recursos aos nossos alunos, principalmente alunos de alta vulnerabilidade, e que eles tenham a oportunidade de utilizar isso na escola, o que é muito importante, e com certeza está contribuindo muito para o fazer pedagógico dos nossos professores — afirma Marta Fatori, titular da Smed.
O desenvolvimento e aplicação das tecnologias foram acompanhados pelas professoras da Smed Raquel Cristina Tedesco e Nicole Anne Modena. Conforme Nicole, os recursos foram adquiridos e distribuídos ao longo de 2022, e as capacitações de fomento ao uso foram feitas ao longo de 2022, 2023, 2024 e devem permanecer em 2025.
— Os chromebooks, neste ano de 2025, se tornam ainda mais importantes com a proibição do uso dos celulares em sala de aula. Com isso, esses recursos da escola são uma possibilidade para que eles continuem inseridos nesse acesso às tecnologias, à pesquisa, à internet, aos jogos educativos, todos esses recursos que as tecnologias fornecem, sem utilizar o celular pessoal.
Quantitativo de equipamentos adquiridos*
Em 2021
- 6.500 chromebooks e 174 gabinetes de armazenamento e carregamento;
- 345 mesas interativas com 25 aplicativos em cada, sendo distribuídas entre EMEIs e EMEFs; e especificamente 83 unidades destinadas para o Atendimento Educacional Especializado;
- 1.490 kits pedagógicos de robótica - Explorador Kids e Pensamento Computacional;
- Plataformas de leitura: Árvore Livros - disponível em 2021 e 2022 e Elefante Letrado - disponível em 2021, 2022, 2023 e até maio de 2024.
Em 2023 e 2024
- 150 kits pedagógicos Projeto Aventura Steam e Cultura Maker para estudantes dos Anos Finais e EJA em 16 EMEFs, com a finalidade de desenvolver habilidades de programação, robótica e temas transversais;
- Projeto Letramento Digital (Sebrae), que deu formação à duas turmas de professores em 2024, e distribuição de oito kits de aprendizagem criativa às escolas participantes.
*Fonte: Smed