Para além da imagem de profissionais que analisam vinhos e espumantes, enólogos também são os responsáveis pelos processos de elaboração da bebida e organização do espaço onde ela é feita.
A depender da quantidade de vinho produzida, cantinas ou vinícolas contam com uma série de equipamentos que incluem tanques para fermentação e armazenamento da bebida. São as chamadas pipas, que podem ser feitas de madeira ou inox, podendo ter mais de dez metros de altura e capacidade para milhares de litros.
Foi do alto de uma delas que o enólogo e ex-presidente da Rede de Vinícolas de Caxias do Sul (Revinsul), Ismael Onzi, 40 anos, caiu no início deste mês. Ele ficou internado por uma semana na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Pompéia, mas morreu na noite de segunda-feira (10).
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Enologia, Mário Lucas Ieggli, procedimentos de lavagem, conferência do nível e remontagem do vinho estão entre os serviços que justificam a subida do profissional ao tanque.
— Cantinas maiores já possuem processos automatizados, mas em outras é preciso subir para conferir se houve perda por evaporação, para lavar o espaço, além de outros processos — diz.
Cilíndricas, as pipas mais modernas de inox contam com escada própria e, acima delas, corredores que conectam umas às outras; em vinícolas menos equipadas, escadas móveis são utilizadas. No passado, tábuas de madeira eram usadas na passagem de um lado pro outro, no alto das pipas.
Cada um dos tanques possui uma espécie de escotilha que pode ser aberta para monitorar a produção armazenada. No caso da remontagem, técnica que transfere o líquido da parte inferior do depósito para o topo, quando não automatizada, obriga o uso de uma mangueira.
— É trabalhoso. E existem treinamentos e certificados para se trabalhar com altura e em espaços confinados em cantinas — diz Ieggli.