
Preparar jovens para a inserção no mercado de trabalho, proporcionando uma formação técnica e humanística, e ainda promovendo a inclusão social é a missão que permeou os 20 anos de história do programa Iniciação Profissional, da Randon, de Caxias do Sul.
Iniciado em 2004, o programa, mantido pelo Instituto Elisabetha Randon (IER) e destinado a jovens entre 15 e 16 anos, oferece o curso de Assistente de Logística, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Com duração de um ano, é o caminho para quem termina o Florescer, também do IER, e se prepara para o Qualificar, da Randoncorp.
— Nós começamos o curso de Iniciação Profissional porque os jovens ficavam no Florescer até os 15 anos, e como para entrar no Qualificar tinha que ter 16 anos, neste meio tempo, perdíamos muitos jovens, que acabavam não retornando. Na época, conversamos com o Senai e pensamos num curso intermediário para prepará-los para o mercado de trabalho e, claro, para segurar esses jovens com a gente — lembra a diretora-presidente do IER, Maurien Randon Barbosa.

Como muitos desses jovens precisavam ajudar a família em casa, o fundador das Empresas Randon, Raul Anselmo Randon (1929 - 2018), defendia a ideia de que os adolescentes do Iniciação Profissional tinham que receber um valor para permanecerem no programa, proposta que foi aprovada pelo Senai. Hoje os jovens ganham meio salário mínimo da categoria dos metalúrgicos. Desde a criação, até 2024, o Iniciação Profissional já formou 1.198 jovens.
— A gente fica muito feliz quando vê as pessoas que passaram pelo programa bem encaminhadas no mercado de trabalho. Não existe ação social melhor do que trabalho, emprego e renda. Isso dá dignidade às pessoas. E o nosso objetivo é justamente o de dar a primeira oportunidade e preparar esses jovens para a vida — diz Maurien.
Para além do profissional
Quando Jenifer Quintanhia Raimondi, 17 anos, começou a frequentar o Iniciação Profissional, era uma jovem tímida e retraída, o que nada se compara à sua personalidade hoje em dia. Estudante do 3º ano do Ensino Médio da Escola Apolinário Alves dos Santos, e já frequentando o programa Qualificar, no curso de Mecânica Industrial, Jenifer garante que o Iniciação Profissional foi uma virada de chave muito além do lado profissional.
— No início, eu tinha muitas dúvidas sobre tudo, eu não sabia o que eu ia seguir e era muito tímida. Ali a gente aprendeu sobre a vida de fato, além da profissionalização, todas as questões de comunicação e inteligência emocional. Foi uma superação das adversidades — lembra.
Ao final do curso, Jenifer garante que absorveu uma gama de conhecimentos, o que contribuiu para o seu trabalho de conclusão. Nesse trabalho final, os alunos tinham que criar uma empresa, e Jenifer criou uma movelaria, onde abordou, além da logística na indústria, conceitos de marketing e gestão administrativa.
Quase chegando aos 18 anos, a jovem pretende seguir na área da qualidade industrial. E a decisão, claro, foi influenciada pela trajetória no Iniciação Profissional. Experiência essa que, segundo ela, representou a virada de chave para a maturidade.
— Eu não era madura, nem profissionalmente, nem na vida pessoal. O Iniciação Profissional mudou minha vida de uma forma que eu não imaginava — reflete.
A base para uma carreira
Maicon Jean Garbin, 28, passou por todos os programas do Instituto Elisabetha Randon. Em 2003, o pai dele, então funcionário da Fras-le, soube do processo seletivo e inscreveu o filho no Florescer. Maicon ficou no programa durante oito anos. Seguiu para o Iniciação Profissional e, depois, para o Qualificar. Essa foi a base para a carreira que Garbin vem construindo. Formado em Gestão da Qualidade, atua hoje como analista de qualidade da mesma empresa em que o pai trabalhou.
— Tudo o que eu aprendi no Iniciação Profissional, desde a medição de peças até sobre os equipamentos e ferramentas, foi a base para o meu futuro profissional. Foi ali que a semente foi plantada e que me preparou para o mercado de trabalho — conta.
Após o Qualificar, Garbin trabalhou na Suspensys por cerca de seis meses. Passou depois por outras empresas, até retornar ao Grupo Randon, primeiramente na Castertech e, há cerca de um ano, na Fras-le. Para o futuro, o jovem ainda sonha com a docência. Esse sentimento foi despertado quando dava aulas de violino, instrumento que aprendeu a tocar durante o período em que esteve no Florescer.
— Esses programas, Florescer, Iniciação Profissional e Qualificar, não moldam somente o profissional, mas também o caráter de cada um. As coisas na vida têm o seu tempo para acontecer, e é isso que esses programas passam para a gente, além de todos os aprendizados sobre o mercado de trabalho — sintetiza Garbin.