Familiares e amigos se despedem, neste sábado (19), de Jane Cristina Montiel Gobatto, 54 anos, em Bento Gonçalves. Ela foi uma das seis vítimas de feminicídio ocorridos somente nesta sexta-feira (18) no Estado. A polícia aponta que Jane foi atacada com golpes de faca pelo companheiro, 64, que foi preso em flagrante minutos após o ocorrido.
O velório ocorre até as 16h, na Sala A das Capelas São José de Bento. Após isso, será realizado o sepultamento no Cemitério Público Municipal Central.
Michele Soliman Conrado, 42, afilhada de Jane, foi dar força à família, nessa manhã, durante o velório. O laço entre as duas se formou ainda na infância, quando eram vizinhas.
— No tempo de crisma, escolhi ela para ser minha madrinha, de tanto que ela era querida — relata.
Passaram a ter contato esporádico depois que Jane casou, há cerca de 30 anos, e se mudou de bairro, segundo Michele. Mas o carinho seguiu:
— A Jane era muito trabalhadora, uma mãe exemplar. Todo mundo adorava ela. Uma pessoa educada, meiga, totalmente do bem — descreve a amiga.
Jane deixa um filho, três irmãs e a mãe. A motivação para o crime é investigada pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Bento.
Há menos de 20 dias, Erica Garcês de Oliveira, 31, foi morta a tiros no município; o companheiro, 30, foi apontado como autor do crime e preso.
"Machismo estruturado que mata"
Em entrevista à Rádio Gaúcha no início da noite da sexta, o chefe da Polícia Civil do RS, delegado Fernando Sodré, informou que nenhuma das seis vítimas de feminicídio tinha medidas protetivas de urgência contra os suspeitos.
— É difícil até de buscar uma explicação para isso, nós vamos trabalhar para tentar ver se existe algum elo entre esses casos, mas o único que fica claro é que ainda existe pensamento de um machismo estruturado, de uma certa misoginia, que mata, infelizmente, e que (o homem) entende que tem controle ou decisão sobre a vida dessas mulheres quando os relacionamentos não dão certo — disse Sodré.