Registrado pela primeira vez no Brasil em 1980, o HIV ainda demanda monitoramento. Em Caxias do Sul foram 168 casos registrados em 2024.
O número representa 48 diagnósticos a mais do que os 120 casos registrados em 2021. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que acompanha um crescimento anual das ocorrências do vírus que invade o sistema de defesa do corpo humano e o torna vulnerável a doenças como tuberculose e meningite.
Em 2023, foram 152 casos descobertos na maior cidade da Serra, e em 2022, 120 pessoas foram diagnosticadas. Estágio avançado da infecção, a Aids também registrou aumento no número de infectados na comparação dos últimos dois anos. Em 2024, foram 45 casos contra os 33 diagnósticos de 2023.
É o diagnóstico precoce do HIV que ajuda a conter casos de Aids. Em Caxias, mais de 30 mil testes rápidos, disponíveis em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), foram feitos no ano passado. No entanto, o crescimento dos casos preocupa, e o volume de testagem, de acordo com a gerente do serviço de infectologia da SMS, Grasiela Cemin, precisa aumentar:
— A gente fala muito das estratégias de prevenção, que não é só o uso do preservativo, mas a testagem também. O quanto antes a pessoa souber que tem a doença, antes vai deixar de transmitir. É preciso ter a consciência da necessidade de fazer os testes rápidos, como qualquer outro exame de rotina. Aids ainda existe, leva a óbito e é uma doença comum a qualquer pessoa.
O Centro de Testagem e Acompanhamento (CTA) faz o serviço chamado porta aberta que faz testes, para HIV, sífilis e hepatites, de segunda a sexta-feira das 7h às 15h. Em caso de resultado positivo, o tratamento começa de imediato para que não evolua e o paciente não esteja vulnerável às doenças oportunistas.
— Ouvimos a população sobre o motivo de estarem testando, orientamos sobre as doenças e em caso de serem detectadas passam a ser vinculadas e imediatamente iniciar o tratamento. Monitoramos se o paciente faz o uso regular dos medicamentos, se fizer, o vírus fica com uma carga indetectável e com isso passa a não transmitir.
De acordo com a meta estipulada pelo Ministério da Saúde, as prefeituras precisam tratar 95% da população que for diagnosticada com o HIV nos municípios. O CTA fica no segundo andar do Centro Especializado em Saúde, na Rua Sinimbu, 2.231, bairro Centro.
Medicamento pré e pós exposição auxilia a diminuir os casos
Embora seja o preservativo, distribuído em qualquer UBS do país, o método mais prático e seguro contra doenças sexualmente transmissíveis, um comprimido de uso diário e distribuído pelo SUS, desde 2018, tem auxiliado a frear a transmissão do HIV.
A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) é receitada por médicos para qualquer pessoa que sinta necessidade a partir dos 15 anos e evita a infecção do HIV para quem se expõe ao risco.
Faz parte da estratégia do Ministério da Saúde para aumentar a oferta de prevenção do país e diversifica os métodos utilizados pela população.
— A decisão de como se prevenir é individual. Está relacionado as práticas da pessoa e sua decisão sobre saúde. Se o preservativo fosse utilizado como deveria não teríamos mais casos — afirma Grasiela.
Para quem não se protegeu, outro comprimido, também distribuído pelo SUS, pode ser a última alternativa para evitar infecção. É a Profilaxia Pós-Exposição, um antirretroviral utilizado por 28 dias em até 72 horas após o sexo desprotegido.
— O PrEP é utilizado regularmente como um anticoncepcional, mas ao invés de não engravidar, quem faz uso não se contamina com o HIV. O PEP é para quem eventualmente teve uma relação sexual desprotegida, tem até 72 horas para procurar o serviço de saúde e usar o antirretroviral por 28 dias — explica Grasiela.