Além das notícias urgentes, o jornalismo é feito de boas histórias. São elas que mostram a força das pessoas que vivem na comunidade, seja com relatos de sucesso, de superação e de tantos outros desafios.
Ao longo de 2024, o Pioneiro contou diferentes histórias e, para encerrar a série que relembrou os fatos marcantes de 2024, destacamos os personagens que mais chamaram a atenção ao longo do ano.
Jurema Secco
Habilidosa e criativa na cozinha, a caxiense Jurema Secco foi protagonista do setor de alimentação da Festa da Uva 2024. É dela a invenção do pastel de polenta, um dos principais sucessos do evento. A procura era tanta que a organização da Festa da Uva instalou placas indicando aos visitantes onde encontrar o famoso lanche com recheio de queijo e massa com farinha de milho. É dela também a criação do pastel de uva e do pastel de fortaia (recheio de queijo e salame) — combinações inusitadas que chamaram a atenção do paladar de quem esteve no evento. Ano que vem terá Festa das Colheitas. Qual será a próxima invenção de Jurema?
Décio Turchetto
Cercada de simbolismos, a ponte que liga Nova Roma do Sul e Farroupilha, inaugurada em janeiro após ser destruída pela enchente de 2023, trouxe uma demonstração curiosa de fé. Viabilizada pela comunidade por meio da arrecadação privada, a construção contou com a ajuda de pedreiros da região. Entre eles, Décio Turchetto, 55 anos, que levou para a obra um hábito herdado do avô: no concreto que forma a pista da ponte, foram enterradas imagens de duas santas, com o objetivo de proteger e abençoar a estrutura.
José Zari Bueno
Uma relação de paixão com o futebol, com o Juventude e que vai muito além das quatro linhas. Sócio do clube desde 1973, José Zari Bueno, 77 anos, precisou ficar internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Pompéia, em Caxias do Sul, devido a uma parada cardiorrespiratória que trouxe outras complicações à saúde do torcedor alviverde. Seu José contava com a ajuda de aparelhos para poder respirar. Além disso, ele não podia mais se comunicar através da voz, pois precisou passar por uma traqueostomia.
Só que isso não o impediu de escrever, de próprio punho, uma carta à torcida do Verdão, que dizia o seguinte: "Aos amigos torcedores do Juventude, devemos torcer e aplaudir, indiferente do resultado, porque sabemos que quem é torcedor é nas horas boas e nas adversidades. Sejam minha voz!". A história do torcedor chamou a atenção do clube e do meia Nenê, que visitou Bueno no hospital. Ele teve alta em dezembro, no dia seguinte à confirmação da permanência do Juventude na Série A.
Olga Lorraine
Não poderia ser mais simbólico que o primeiro bebê nascido em Caxias do Sul em 2024 representasse os diferentes povos que fazem parte da cidade. Filha de haitianos, Olga Lorraine nasceu à 1h30min de 1º de janeiro pesando 3,415 quilos e medindo 47,5 centímetros no Hospital Geral (HG). Olga Lorraine teve o nome escolhido pela mãe, Dieulene Charles, e pelo pai, Veniet Jerome.
Leonardo Carvalho
Em fevereiro, o 35º Rodeio Internacional de Vacaria abriu a programação campeira com o verdureiro Leonardo Carvalho, 24 anos, laçando só com um dos braços. Natural de Tupanciretã, no noroeste do Estado, o laçador perdeu o membro superior direito quando criança, e há três anos começou a laçar. Sempre envolvido em rodeios, entretanto, não imaginava que um dia subiria a cavalo para laçar boi.
Família Mariani
Quanto trabalho, cuidado e poesia cabem em uma videira? A planta que carrega a fruta símbolo de uma região inteira foi a personagem principal da série de reportagens Quatro estações da videira, que misturou história e cultivo, aproximando o leitor de uma das principais heranças econômicas e culturais dos italianos na Serra gaúcha. Na série, os Mariani, de Bento Gonçalves, mostraram todo o esforço feito em meio aos parreirais para manter uma tradição que já dura cinco gerações. O projeto foi uma parceria da RBS TV, Pioneiro e Gaúcha Serra.
Jonas Echer
Jonas Echer, 36 anos, assumiu uma missão: ele foi o Papai Noel da 19ª edição do Magia de Natal do Vale Iluminado, em Galópolis, em Caxias do Sul. Morador do bairro, Seu Echer, como é chamado pela mãe, nasceu com síndrome de Down. Há cinco anos, ele encarna o personagem mais querido da época, mas neste ano a plateia vai além da própria família. Ele vestiu o traje de Noel para se tornar o chefe do Natal de Galópolis. Tinha como responsabilidade receber crianças e suas cartas, distribuir doces e acenar para o público por um motivo bem simples e, ao mesmo tempo, muito importante:
— Eu adoro me vestir de Papai Noel — conta ele.