Em meio ao frio intenso registrado na Serra nos últimos dias, o vídeo de um tatu congelado e posteriormente reanimado voltou a viralizar na região. Nas imagens é possível ver o animal sendo retirado de um buraco no chão e, em seguida, é exibido o mamífero se aquecendo próximo a uma fogueira.
O primeiro indicativo de que trata-se de um vídeo falso é apontado pelo médico veterinário responsável pelo Jardim Zoológico da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Gabriel Fiamenghi. Segundo ele, duas espécies diferentes do animal aparecem na filmagem. O mamífero congelado é um Tatu-Galinha (Dasypus novemcinctus). Já a espécie se aquecendo próximo à fogueira é um Tatu-Peludo (Euphractus sexcinctus).
— O primeiro tatu tem nove cintos na carapaça dele, nove articulações, então esse é o primeiro ponto pra gente levar em consideração. O segundo animal é mais largo, também tem a cabeça maior em relação ao tatu galinha, então realmente já se percebe essas diferenças no próprio vídeo — descreve Gabriel.
O tatu-galinha, que aparece na primeira parte da gravação, é uma espécie que mede aproximadamente 60 centímetros e pesa cerca de cinco quilos. De hábitos noturnos, o animal vive geralmente sozinho, alimentando-se de invertebrados, pequenos vertebrados, ovos, fungos, frutos, raízes e tubérculos. A espécie é uma entre os dez mamíferos mais apreendidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente.
Já o tatu-peludo parece pequeno na segunda parte da gravação, mas é a terceira maior espécie do mamífero. O animal mede normalmente entre 40 e 50 centímetros de comprimento e pesa de 3,2 a 6,5 quilos. Ele alimenta-se principalmente de carne, predando pequenos marsupiais e roedores, além de insetos.
— Não existe a possibilidade de ressuscitar esse animal dessa forma, até porque o tatu daquele vídeo provavelmente já estava falecido. Inclusive, as temperaturas neste inverno, até agora, não foram tão extremas a ponto de congelar um animal. O mamífero, depois que tem uma hipotermia, abaixando a temperatura dele para menos de 32°C, 31°C dependendo da espécie, a tendência é de que ele venha a falecer — finaliza o especialista.