Caxias do Sul poderá receber, em um único endereço, uma sede regional do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e uma base de bombeiros dedicada a atender ocorrências na Rota do Sol. O projeto está com negociações avançadas e envolve permuta de imóveis entre o Estado e a construtora Toniolo, Busnello, proprietária do prédio que pode abrigar os serviços.
As conversas envolvem dois projetos diferentes que se complementaram a partir do interesse da construtora de se desfazer da antiga sede em Caxias, na Rua Eduardo Boza, no bairro Pioneiro. E também pela intenção do Daer de transferir a superintendência regional de Bento Gonçalves para o maior município da Serra. De acordo com a vereadora de Caxias Tatiane Frizzo (PSDB), que participa das negociações, o órgão estadual já demonstrava a vontade de encontrar um endereço na cidade quando a Toniolo, Busnello procurou o gabinete para oferecer o imóvel.
A intenção do Daer, segundo a vereadora, é transferir a unidade regional para Caxias para ficar mais próximo de rodovias estaduais não concedidas, principalmente a Rota do Sol. Documentos internos também citam a importância de ter um escritório na segunda maior cidade do Estado devido à densa malha rodoviária sob responsabilidade do órgão na região. Um terceiro fator é a construção dos acessos ao aeroporto de Vila Oliva, classificada pela superintendência regional como "a mais importante obra rodoviária do Estado nesta década".
Em nota, o Daer disse que a mudança faz parte de um processo de modernização que pretende, entre outros objetivos, utilizar melhor as áreas do departamento, inclusive com permutas de imóveis para construção de rodovias. O texto diz ainda que, "da parte do Daer, já tem a concordância para esse procedimento. Agora o processo precisa seguir nas próximas análises necessárias para concluir a questão".
Para ceder a área de 1.440 metros quadrados, com 610 metros quadrados de área edificada, a Toniolo, Busnello receberá em troca duas áreas pertencentes ao Daer em Farroupilha. São antigas pedreiras desativadas há pelo menos 30 anos e que foram utilizadas para construção da RS-122, entre Caxias e Farroupilha, e da RS-453, entre Farroupilha e Bento Gonçalves. Juntas, as duas áreas rurais somam 56.795,3 metros quadrados e estão avaliadas em R$ 2.115.727,77. Já o imóvel em Caxias está avaliado em pelo menos R$ 2.298.200.
— A complexidade seria maior se o imóvel do Estado tivesse um valor maior que o prédio em Caxias, mas os valores são semelhantes. Estamos otimistas que no fim do ano ou no máximo no início do ano que vem saia essa permuta — avalia Tatiane.
Socorristas na Rota do Sol
A possibilidade de instalação do escritório do Daer em Caxias do Sul abriu caminho para viabilizar outro projeto já em andamento. A criação da primeira base do grupo Força Auxiliar — Bombeiros Voluntários Rota do Sol. A ideia seria destinar aos socorristas o térreo do prédio de dois pisos, já que o órgão rodoviário pretende utilizar somente o andar superior.
A unidade de bombeiros voluntários — que é independente do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) — foi formalmente criada no início do ano e desde então busca apoio financeiro da sociedade para tirar as bases de atendimento do papel. O projeto propõe três bases distribuídas ao longo da rodovia para agilizar o atendimento de acidentes ou de saúde dos viajantes. O grupo pretende cobrir ao menos 144 quilômetros de rodovia e também auxiliar outros órgãos que atuam na rodovia. A equipe deve contar com 12 bombeiros e 40 voluntários treinados (que incluem outras funções) que se revezarão para atuar 24 horas por dia e sete dias por semana.
A ideia inicial era contar com uma unidade central no entroncamento da RS-110, na localidade de Várzea do Cedro, e postos avançados na saída de Caxias, próximo do acesso a São Braz, na localidade de Décio Ramos e também em Contendas, no terreno onde é construído um pelotão do Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM).
Conforme Joel Troni, comandante do grupo de bombeiros voluntários, mesmo com a sede em Caxias do Sul, a intenção é seguir buscando apoio para a construção das três bases avançadas. Dessa forma, a unidade na Várzea do Cedro deixa de ser a sede principal e passa a ser um ponto de apoio. Já a unidade de Décio Ramos deve ser substituída por uma em Itati, em espaço que deve ser cedido pelo município. A base de Contendas segue no projeto.
— Precisamos manter esses pontos porque é preciso ter o tempo de resposta de 35 minutos, no máximo, de um ponto a outro. Então, se não tiver essas bases ou os veículos nesses pontos de apoio, não conseguimos manter o projeto inicial — explica Joel.
