O extenso período de chuvas neste mês de setembro provocou danos na estrutura do Parque de Exposições Mário Bernardino Ramos, os pavilhões da Festa da Uva, em Caxias do Sul. A cobertura da Réplica de Caxias e do pavilhão 2 foram as mais danificadas e vão passar por reparos nos próximos meses.
A maior parte dos estragos foi observada durante as fortes chuvas da primeira quinzena de setembro, mas a precipitação deste sábado (23) também destelhou parte do local.
Na Réplica de Caxias, estrutura externa do parque formada por 18 casas ao estilo da Caxias de 1885, a cobertura apresentou problemas após a queda de galhos dos pinheiros do entorno do espaço. Com isso, goteiras se formaram nas casas.
Uma placa da estrutura do espetáculo Som & Luz desprendeu-se com a força do vento. No pavilhão 2, os danos também foram observados no telhado de zinco, na rede elétrica e na rede de fibra óptica.
Somente para a cobertura do pavilhão, os prejuízos foram calculados em R$ 50 mil. Já os danos na Réplica ainda não foram calculados, porque o material é formado por uma telha diferenciada. Equipes fizeram neste sábado uma avaliação para identificar o que vai ser preciso ser feito para recuperar o espaço.
— Estamos nos mobilizando para conseguir fazer esses reparos o mais rápido possível. Infelizmente, as chuvas, principalmente do início do mês, trouxeram esses prejuízos na estrutura, que precisam ser superados devido aos eventos e planos que temos para aquele espaço — afirma o presidente da empresa Festa da Uva, Idair Moschen, que é responsável pela administração do parque.
A necessidade de fazer os reparos na Réplica de Caxias atrasou o cronograma de ocupação do local. Em agosto, a empresa abriu um chamamento público para que sete dos 18 espaços fossem locados por empreendimentos gastronômicos ou de turismo.
A previsão era de que o projeto avançasse em setembro para que a inauguração ocorresse em outubro, antes da realização da Mercopar - um dos maiores eventos do ano marcados para ocorrer no parque. Seis empresas manifestaram interesse, mas ainda não puderam iniciar os planos de ocupação devido à necessidade de fazer os reparos no local.
O objetivo é que o espaço seja um polo gastronômico na cidade, atraindo pessoas aos domingos e, dependendo da demanda, podendo ser ampliada para sábados e feriados. O plano é que todos iniciem a ocupação ao mesmo tempo, para que os espaços não fiquem ociosos e mais pessoas se desloquem para o local.
Além dos espaços vagos da Réplica, outros estão ocupados: nelas estão a sede da Associação Caxiense dos Artesãos, o Museu da Água do Samae, o Museu do Comércio, duas alugadas pela equipe do Mississippi Delta Blues Bar, duas locadas para a Sorvelândia, Guarda Municipal, Secretaria de Turismo e outra para a Comissão Comunitária da Festa da Uva.
Ao mesmo tempo, a prefeitura de Caxias do Sul, que é a acionista majoritária da empresa Festa da Uva, planeja conceder a estrutura para a iniciativa privada - que passará a ser responsável pela gestão e manutenção do espaço. Desde janeiro deste ano, o consórcio Novos Pavilhões, liderado pelo escritório caxiense Vazquez Arquitetos Ltda e pela Spin Soluções Públicas Inteligentes Consultoria Ltda, analisa a melhor possibilidade de utilização do espaço por meio de um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI).
O objetivo é tornar o complexo um centro de turismo e entretenimento, e não apenas de eventos. O grupo irá propor um modelo de negócio que o município poderá acatar ou não. Se for aceito, será levado para consulta pública, em processo semelhante ao realizado para a Maesa.
Réplica foi inaugurada em 1978
O conjunto da Réplica de Caxias foi inaugurada oficialmente na abertura da Festa da Uva de 1978. O local busca reproduzir duas quadras da seminal Rua Grande (atual Av. Júlio de Castilhos) em 1885 e a arquitetura típica italiana dos primórdios da colonização.
Ao mesmo tempo, também era uma espécie de contraponto à modernidade dos novíssimos Pavilhões, surgidos na edição anterior, em 1975.
Conforme o jornalista Luiz Carlos Erbes, autor do livro Festa da Uva — A Alma de um Povo, "a construção da réplica suavizou o cenário moderno do parque de exposições, que pouco lembrava o passado dos imigrantes, mesmo na celebração do centenário, em 1975".