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Em coletiva nesta quinta-feira (17), o governador do RS Eduardo Leite (PSDB) anunciou que as rodovias da Serra e do Vale do Caí, que fazem parte do Bloco 3 do plano de concessão e são administradas pela concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG), terão o sistema free flow substituindo as praças de pedágio. É o fim do antigo modelo no Estado. Em setembro, a praça entre Flores da Cunha e Antônio Prado, na RS-122, será a primeira a ser substituída pelo pórtico com a cobrança automática. O funcionamento do novo modelo começa em dezembro.
Os outros quatro novos pontos previstos para a região ganharão os pórticos de cobrança automática a partir de janeiro de 2024. O mesmo será feito na estrutura que está atualmente em Portão e que passará para São Sebastião do Caí (km 4 da RS-122). O formato seguirá nestes trechos por dois anos. Em um primeiro momento, a tarifa cobrada será a mesma que estava prevista para os pontos.
O free flow é um sistema de pagamento automático, sem a necessidade de praças de pedágio ou cancelas. A estrutura é montada na rodovia com câmeras e sensores, que monitoram a passagem dos veículos e os identificam pelas placas. Nesse formato, o pagamento ocorre a partir da tag (a mesma utilizada na cobrança automática nas praças), ou o motorista recebe a fatura de forma posterior. Nesse segundo caso, o pagamento se dá a partir de boleto, internet ou nos pontos de parada da CSG nas rodovias. O motorista terá 15 dias para o pagamento, se não recebe multa.
— O Rio Grande do Sul vai ser o primeiro Estado a contar com a tecnologia nas rodovias estaduais. Dentre os benefícios está a economia de tempo. Hoje você tem barreiras físicas, precisa parar, entrar em uma fila. Também estamos falando de uma inovação, uma rodovia mais inteligente, mais conforto e comodidade para os usuários e até menos impacto ambiental — cita Leite sobre motivos para adotar o sistema.
No futuro, o plano é segmentar os pórticos pelas rodovias. Ou seja, existirão mais estruturas e cada uma com uma tarifa menor. Assim, a ideia é que o motorista pague pelo trecho percorrido. Estudos para este formato serão feitos depois dos dois anos do novo sistema. Veja abaixo como será a estrutura. Hoje, o sistema existe na BR-101, em São Paulo.
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As rodovias na Serra que terão o sistema são os trechos da RS-122, RS-446, RS-453 e BR-470. Para o diretor-presidente da CSG, Ricardo Peres, o formato mais simples para o pagamento é a tag, que dá ainda desconto a partir de 5% na tarifa. Peres explica que o desconto pode chegar até 20% conforme a frequência de passagem no mesmo pórtico:
— É aquele adesivo colado no para-brisa. Essa tag, além de não precisar de nenhum tipo de ação adicional ao usuário, ela também dá benefícios de desconto da tarifa de pedágio.
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Onde estarão os primeiros pórticos do free flow
Conforme anúncio do Estado, o sistema free flow será implantando no lugar das praças de pedágio existentes Serra ou que impactam motoristas da região, e também em trechos daquelas que estavam previstas para as estradas gaúchas:
Atuais:
- Atualmente em Portão (RS-240), sentido Serra-Capital, será em São Sebastião do Caí (km 4 da RS-122), em ambos os sentidos: R$ 11,90
- Flores da Cunha (no km 100 da RS-122), sentido Flores-Antônio Prado, mudará para o km 103, em ambos os sentidos: R$ 8,30
Novos pontos*:
- Ipê (km 150 da RS-122): R$ 6,89
- Farroupilha (km 45 da RS-122): R$ 8,50
- Carlos Barbosa (km 6 da RS-446): R$ 7,85
- Capela de Santana (km 30 da RS-240): R$ 7,19
* Valores serão atualizados com a inflação, com base de janeiro de 2020
Outros blocos ainda em estudo
Além do trecho administrado pela concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG), o programa de concessões rodoviárias do Rio Grande do Sul contempla outros dois blocos, ambos com abrangência na Serra. O bloco 1 reúne estradas da Região das Hortênsias, região metropolitana de Porto Alegre e Litoral Norte. Já o bloco dois reúne estradas do Vale do Taquari e da região de Passo Fundo, além de trechos da RS-453, em Garibaldi, e da RS-129, que passa por Guaporé e Serafina Corrêa.
Embora as propostas tenham sido publicadas em 2021 e audiências públicas tenham sido realizadas, os dois blocos voltaram para estudos. No caso do bloco 1, o motivo foi a resistência da comunidade com a proposta de implantar uma praça de cobrança na RS-118, entre Gravataí e Viamão. Conforme a explicação do Estado na época, as cancelas seriam fundamentais para manter a viabilidade econômica do bloco, além de financiar a duplicação de 15 quilômetros da rodovia ainda com pista simples. Com a regulamentação do sistema free flow no país no fim do ano passado, o governo pretende implantar o modelo também nesse bloco, o que pode baratear a cobrança na RS-118.
Novos estudos nessa direção ocorrem ainda no bloco 2, cujo edital para leilão chegou a ser publicado em junho de 2022, mas acabou suspenso dois meses depois. A decisão ocorreu a pedido da comunidade da região e também do mercado. O entendimento era de que o ano eleitoral e o cenário econômico prejudicavam as discussões. Além disso, havia resistência em relação a pontos do modelo proposto. A expectativa é de que os novos estudos sejam concluídos no fim do ano, com a publicação do edital em 2024.