Os olhos fechados aguardavam ansiosos para descobrir o que existe do lado de fora do Planeta Terra. Quando a música começou a tocar, os avós e os estudantes do Colégio Madre Imilda, em Caxias do Sul, receberam a orientação para olhar as imagens que começaram a ser exibidas no domo do planetário da instituição, aberto no mês de março. A experiência imersiva, feita na última quinta-feira (13), foi uma iniciativa para o Dia dos Avós, que é celebrado no dia 26 deste mês.
De surpresa, vovôs e vovós não imaginavam que teriam a oportunidade de conhecer um planetário e, muitos deles, não sabiam nem como era um. Convidados inicialmente para o "Chá dos Avós", foram até a instituição na tarde gelada e chuvosa para receber uma homenagem. Pouco depois de ouvir as vozes infantis cantarem em conjunto "como é grande o meu amor por você", receberam o convite para ir até a sala onde fica o planetário.
Alinhados em um círculo bem embaixo de um domo, receberam as orientações da diretora Vanessa Rodrigues para manter os pequenos no colo ou segurando-os pelas mãos, para que não corressem no local. Além disso, por serem pessoas em idades mais avançadas, foram educadamente informadas de que poderiam se encostar na parede caso ficassem tontas com as imagens.
— Vamos dar algumas dicas de como aproveitar essa experiência. Normalmente os alunos deitam, temos os colchonetes aqui, mas não sei se nosso público de hoje quer deitar. Vocês querem? — questionou a diretora.
— A gente até deitaria, o problema é levantar depois — disse um dos avôs, fazendo todos caírem na gargalhada.
Depois das orientações, um vídeo didático e explicativo começa a ser transmitido em todo o domo. "Antigamente, os astrônomos achavam que a Terra estava no centro do universo", explica uma voz, que é complementada pela exibição de planetas. Ao longo de toda a transmissão, os olhos observavam atentos a cada detalhe da dimensão do universo.
Ao final da experiência, vovôs e vovós suspiraram maravilhados pela oportunidade de vivenciar o momento especial. Muitos deles não imaginavam como era o lado de fora da Terra. Foi o caso dos avós do pequeno Vicente Bortolini Bonatto, cinco anos, Vilma Mollar Bonatto, 70, e Pedro Bonatto, 70. A família costuma observar a lua quando vai à praia e imaginar as possibilidades do mundo.
— Eu sou muito apaixonada pela Lua, para mim foi bem emocionante e diferente. Eu não imaginava nem que isso existia. Foi muito legal ver o tamanho do universo. (A experiência) é realmente uma coisa bem real, foi bem emocionante. Viemos para um chá e recebemos uma surpresa dessa, foi emocionante — disse Vilma, com os olhos brilhando.
Pensando na trajetória dos estudos que viveu enquanto criança, Helena Rech Demoliner, 66, contou sobre a dificuldade que tinha de imaginar as coisas que não conhecia. A partir da experiência no planetário, pensou na importância de iniciativas como essa para a Educação Infantil.
— Não conhecia um planetário, uma pena que eu não conheci quando era criança. Eu achei o máximo. Gostaria que todas as crianças tivessem a oportunidade de conhecer isso. O Matheus disse "vovó, você vai lá visitar o planetário, mas eu não sei se você vai conseguir levantar porque tem que ficar deitado" (risos). Ele falou do colchonete e eu fiquei pensando como ia ser e gostei demais, foi bem emocionante — revelou a avó.
O neto, Matheus Demoliner Viegas, cinco, foi um dos alunos privilegiados que levou os quatro avôs para vivenciar a experiência. Cercado do amor carinhoso que recebe deles, ficou no colo de Carmen Luisa Provin, 65, durante a conversa com a reportagem do Pioneiro.
— Eu nunca tinha entrado em um planetário, agora quero fazer a visita deitada para saber como é. Foi muita emoção. Quando eles começaram a cantar "como é grande o meu amor por você", eu chorei. Foi emocionante toda a experiência — contou Carmen.
O amor que viaja mais de 470 quilômetros
Percorrendo uma distância de cerca de 470 quilômetros, Arnaldo Griebeler, 83, e Norma Hoffmann, 72, não puderam negar o pedido feito pela pequena Isabela Griebeler Klaus, cinco. Por telefone, a neta disse que se eles não viessem de Santa Rosa para Caxias, só ela ficaria sem a participação dos avós em um dia especial na escola.
Criada por eles durante um período, a pequena demonstrou o amor que já carrega no coração mesmo com a pouca experiência de vida, enquanto segurava as mãos dos dois. Com ternura, os avós revelaram que toda a experiência do passeio estava valendo a pena, não só por conhecer o planetário, mas pelo momento em família.
— É a primeira vez que nós vemos um planetário e viemos só para o Chá da Vovó. Ela ligou falando que os coleguinhas iam ter todos os avós e ela não. Aí viemos, mesmo com esse frio. Foi lindo de ver o planetário. No tempo em que a gente estudou, não tinha isso. A cidade era pequena. Hoje em dia tem faculdade, tem tudo, mas em colégios maiores assim, a gente nunca participou. Foi nossa primeira vez nessa experiência e foi muito legal — contou Norma.
Para a pequena Isa, os planetas são uma experiência bacana de estudar, mas ela estava mais interessada em aproveitar o momento com duas das pessoas mais importantes que tem na vida.
— Eu achei legal ver o Planeta Terra e achei legal meus avós aqui comigo, agora vou para casa com o vô e a vó — disse a pequena, enquanto apressava os dois para ir embora.
O planetário
O planetário do Colégio Madre Imilda foi inaugurado em março, quando a instituição completou 95 anos. O espaço já recebeu visitas de pais de estudantes, mas essa foi a primeira vez que os avós tiveram a oportunidade de conhecer o local.
Para que a experiência fosse possível, uma sala de seis metros foi adaptada. Conforme os organizadores, o planetário foi registrado no site da Associação Brasileira de Planetários (ABP) e é a terceira escola do Brasil com esse modelo de estrutura didática. O uso do espaço é feito para atividades pedagógicas, com abordagem diferenciada para o ensino de astronomia e ciências em geral, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.