A valorização dos professores pautou a maior parte das manifestações do Movimento pela Educação, iniciativa da Assembleia Legislativa que foi realizada na manhã desta sexta-feira (30) em Bento Gonçalves. O evento na Serra foi o quarto de nove encontros regionais que vão ocorrer até novembro no Estado. O objetivo é fomentar debates e estratégias para melhorar a qualidade da educação gaúcha.
O palco da Fundação Casa das Artes recebeu, entre outros convidados, o economista Haroldo Rocha, ex-secretário de Educação do Espírito Santo e coordenador do Profissão Docente, movimento pela valorização dos professores. Em sua fala, ele evidenciou a necessidade de a sociedade "cuidar" dos docentes. Para Rocha, o conceito de valorizar quem está à frente das salas de aula vai além de pagar melhores salários.
— O Brasil cuida muito mal dos seus professores (...) O centro do palco da educação tem que ser ocupado pelos professores e professoras e isso não pode ser olhado apenas pelos gestores públicos: o professor quer o reconhecimento das famílias e da sociedade. Os professores querem que as redes os assistam e querem boas condições de trabalhos. Não é possível ser um bom professor atendendo mil alunos, se um dos fundamentos da aprendizagem é a relação humana. Não tem aprendizagem se não tem encantamento e confiança — frisou Rocha.
O economista utilizou uma ilustração para mostrar que o sistema educacional é compostos por diversas engrenagens, entre elas recursos financeiros e materiais (financiamento, rede física, transporte, alimentação, por exemplo), recursos pedagógicos, gestão de sistema e de pessoas (magistério, carreiras e supervisão escolar) e relações externas (famílias e outras políticas sociais).
Rocha, que era secretário do Espírito Santo em 2017, quando o Ensino Médio do Estado ficou em primeiro lugar do Brasil no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), ainda pontuou que é preciso refletir sobre as perspectivas de carreira dos docentes e também sobre os meios de aprendizagem dos estudantes.
— Qualquer ser humano para entregar um bom trabalho tem que estar íntegro, tem que estar feliz. Não é somente com o maior salário. Os professores e professoras têm propósito de vida e isso importa muito — afirmou.
O Movimento pela Educação ocorre sob a temática "Educação para o Desenvolvimento". O ciclo começou em Marau no final de abril e já passou por Restinga Seca e Santana do Livramento. Depois deste encontro em Bento Gonçalves, seguirá para Santa Cruz do Sul, Santo Ângelo, Pelotas, Novo Hamburgo e Osório (ou Tramandaí, a definir). O seminário de encerramento ocorre no dia 24 de novembro, em Porto Alegre.
O que disseram os painelistas
O quarto encontro do Movimento pela Educação ainda contou com a presença de quatro painelistas. O debate foi conduzido pelo jornalista Tulio Milman. Abaixo, alguns destaques das considerações da secretária Municipal de Educação de São Francisco de Paula, Ana Paula Ferreira Cruz Bennemann, do coordenador Executivo do Pacto pela Educação, Leandro Duarte Moreira, e do empresário e ex-presidente da Tramontina, Clóvis Tramontina.
— Nós, aqui, estamos construindo um regime de colaboração. É uma estratégia fundamental para que consigamos definir ações conjuntas e prioritárias pensando em políticas públicas . Todas as instâncias governamentais têm que se envolver com isso, precisamos convergir esforços para que isso atinja a nossa população. Temos que discutir ações e propostas factíveis que sejam de fácil implementação nos municípios para que a educação aconteça de forma adequada.
Ana Paula Ferreira Cruz Bennemann
— Os professores precisam ser bem valorizados. Precisam estar dentro da sala de aula (...) Vamos voltar a fazer uma educação básica (de qualidade), a ter o civismo e vamos fazer com que essas crianças tenham respeito e orgulho dos professores.
Clóvis Tramontina
— O principal (desafio a ser vencido) é a participação da sociedade na escola. Vejo uma escola como um ente que ficou muito tempo isolado, dentro de uma caixinha. A caixinha da educação.
Leandro Duarte Moreira