Verão é época de criança se refrescar em banhos de mar, de brincar ao ar livre e apreciar sorvetes e picolés. Tudo isso — e muito mais — pode fazer parte dos dias da estação mais quente do ano, desde que com equilíbrio, de forma saudável e seguindo as orientações de segurança. Neste período, as famílias precisam redobrar a atenção com a alimentação, a hidratação, a exposição solar e acidentes aquáticos envolvendo o público infantil.
Um item indispensável para estação é o protetor solar. A pediatra Caterina Frizzo lembra que o produto deve ser utilizado apenas em crianças maiores de seis meses, com fator de proteção de, no mínimo, 30. Ela também orienta que os pais optem por protetores formulados especificamente para a faixa etária.
— A pele das crianças é muito mais sensível que a nossa. Temos que cuidar do horário, evitando exposição das 10h às 16h. O ideal é aplicar de 20 a 30 minutos antes da exposição, não deixar para passar lá na beira da praia, por exemplo. Além disso, os pais devem reaplicar a cada duas horas ou se a criança tiver contato com a água antes desse período — ensina a médica.
As famílias devem redobrar os cuidados com os bebês menores de seis meses. Para eles, a orientação é utilizar chapéu e roupas com proteção ultravioleta. Outro produto que ganha a atenção das famílias nesta época são os repelentes, os quais podem ser utilizados a partir dos três meses de vida.
— A aplicação do repelente deve ser feita após o protetor solar. Na hora de dormir, não é recomendado que se utilize. Nestes momentos, podemos usar as telas de proteção e os mosquiteiros — detalha Caterina.
O verão, segundo a médica, favorece a exposição a micoses. Neste sentido, a dica é para que se utilize chinelos ao circular em ambientes compartilhados, como piscinas e clubes.
— Não ficar muito tempo com a roupa úmida e secar bem entre os dedinhos. Isso tudo é importante — alerta a profissional.
E a alimentação?
A alimentação infantil pode ser um desafio para muitas famílias independentemente da estação do ano. Mas os dias quentes costumam despertar o apetite para opções nada saudáveis, como picolés, sorvetes e outros doces carregados de açúcar e produtos industrializados. Além disso, os adultos devem ficar atentos para a hidratação e a possibilidade de intoxicação alimentar.
Para a nutricionista materno-infantil Sabrina Orlandin, a organização é a palavra-chave para que as crianças tenham acesso a uma alimentação saudável neste período do ano, quando há diversas "tentações" à mesa.
— Se vai para a praia, para um piquenique, para algum lugar diferente do ambiente desta criança, recomendo organizar lanches para levar. No caso da praia, nem sempre conseguimos, mas, então, sugiro um picolé de frutas, sem muita cobertura de chocolate, um milho na espiga... Fazer escolhas melhores dentro da possibilidade — recomenda a profissional, acrescentando que incluir os filhos no preparo das refeições também colabora para a aceitação dos alimentos.
Outra sugestão é que os familiares fiquem atentos a alimentos com digestão mais lenta, como é o caso das carnes. Neste caso, não é para excluir do cardápio da criança, mas, sim, observar o tamanho das porções que vão ao prato.
Em relação à hidratação, além da água, os pais podem oferecer frutas como melancia, melão e morango. O suco natural também é uma alternativa, mas é preciso ter bom senso ao escolhê-lo:
— Não é um problema tomar este tipo de líquido. O problema é a quantidade. Às vezes, a criança deixa de tomar água para tomar o suco. Se esse é o caso, os pais podem diluí-lo para trazer mais hidratação através da água — orienta a nutricionista.
A pediatra Caterina Frizzo ainda alerta para a condição de armazenamento e o manuseio dos alimentos em locais como a praia, onde pode haver dificuldade de refrigeração.
Atenção redobrada para o lazer na água
Praias, rios e ambientes com piscina, tradicionalmente, estão na lista das famílias para aproveitar as férias de verão. Contudo, é preciso estar em alerta e sempre optar pela cautela. Para se ter dimensão do perigo ao qual o público infantil está exposto, dados da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa) indicam que o afogamento é a principal causa de morte de crianças de um a quatro anos no Brasil. Além disso, 55% dos óbitos na faixa etária de um a nove anos ocorrem em piscinas e residências.
A recomendação principal do Corpo de Bombeiros de Caxias do Sul é jamais deixar as crianças, independentemente da idade, sozinhas, seja em águas naturais ou piscinas.
— As crianças devem estar sempre supervisionadas por um adulto. E esta supervisão tem que ser constante, porque o afogamento ocorre de forma muito rápida — alerta o major Lúcio Junes Lemes da Silva, subcomandante do 5º Batalhão de Bombeiro Militar.
A utilização do colete salva-vidas também é imprescindível, a depender do peso da criança e do ajuste adequado ao corpo. Contudo, da mesma forma, o equipamento não exclui a presença de um adulto responsável próximo e atento aos movimentos do pequeno. A utilização de outros acessórios também não elimina o risco de acidentes na água:
— As boias ou outros objetos infláveis até passam uma sensação de segurança. No entanto, podem virar ou estourar. Não é seguro — explica o major.
Na praia, a recomendação é a mesma: não tire o olho do seu filho, mantendo uma distância máxima de 1,5 metro. De forma geral, a família deve optar por áreas supervisionadas por guarda-vidas para a segurança de todos.
— Às vezes, o guarda-vidas está cuidando dos banhistas que estão mais para dentro do mar e uma criança pode vir a se afogar bem na beira. Por isso, a vigilância dos responsáveis deve ser constante — diz o subcomandante.
Nem mesmo no ambiente doméstico, em atividades rotineiras, as crianças estão seguras. Para além das piscinas — que devem sempre estar cercadas e cobertas — há o risco em banheiras, baldes, vasos sanitários e outros recipientes que acumulam água. Desta forma, deve-se manter portas de banheiros, quintas e áreas de serviço sempre fechadas.
— Pouco mais de dois centímetros de água já são suficientes para uma criança se afogar. O ambiente doméstico pode ser extremamente perigoso se não forem tomadas as devidas precauções — alerta o major.
Então, a orientação é tomar todos os cuidados para que o verão possa ser aproveitado pela família inteira sem sobressaltos.