Relembrar de momentos vividos com a família e amigos, levar flores e rezar ou apenas ficar em silêncio são gestos que marcam este dia que é dedicado a homenagear os entes queridos que já partiram. O Dia de Finados, celebrado nesta quarta-feira (2), foi de movimento intenso durante a manhã nos cemitérios de Caxias do Sul. Mais de 3 mil pessoas já haviam passado pelo Cemitério Parque até as 11h45min, segundo a administradora Ana Gabriela Eberle da Silva. São mais de 7 mil pessoas sepultadas no local, então a estimativa é receber mais de 20 mil pessoas até o final da tarde. O cemitério fica aberto até as 18h30min.
Sentados na grama ou de pé e abraçados, familiares e amigos aproveitaram a manhã de sol para orar ou apenas ficar em silêncio no Cemitério Parque. Sentada em uma cadeira de praia, Eliana de Sousa, 61 anos, parecia conversar baixinho. Ela contou que visita com frequência o local onde o filho Daniel Kuser de Sousa, aos 32 anos, está sepultado. Ela e os filhos levam flores e, no Dia de Finados, a mãe passa o dia no cemitério:
— Ele nunca fica com flor velha. Eu e meus outros filhos enchemos de flores. Passo o dia, trago lanche, rezo, choro e converso com ele. Converso mesmo e conto coisas para ele como se estivesse aqui comigo. Eu ainda choro quase todos os dias e sinto saudades, mas aqui sinto ele me abraçar.
A professora aposentada Vanda Vanin, 68, e os familiares também visitam os entes querido durante todo o ano. Na sepultura no Cemitério Parque estão os pais dela, Adelina, que partiu há 34 anos, Nilo, que morreu há 12, e a irmã Tânia, morta há três. A cunhada Maria do Carmo Vanin, 74, que ajudava a trocar as flores, se emociona:
— Nós lembramos sempre, mas hoje é um dia mais triste e de homenagens. Um dia para lembrar especialmente deles.
Para quem perdeu familiares recentemente, a data é ainda mais triste. Em algumas sepulturas, famílias se abraçavam e choravam neste dia voltado a homenagens. No Cemitério de Lourdes, na Rua Rodrigues Alves, o movimento era constante desde as 7h30min. Por volta das 9h aumentou o fluxo de pessoas que foram para a missa. Isso deve voltar a ocorrer por volta das 16h, quando há mais uma celebração. É lá que está sepultado Raul Randon, que partiu em março de 2018. O primogênito do empresário, David Randon, em silêncio e com ar contemplativo, visitava o túmulo do pai nesta manhã.
No maior cemitério da cidade, o Público Municipal, milhares de pessoas circulavam desde antes das 8h. Um dos túmulos mais visitados, como em todos os anos, era o da Ciganinha, que morreu aos sete anos em 1958. Quem visita a sepultura de Anita Sala não são apenas familiares, mas desconhecidos que oram pela menina, e que acreditam que ela seja milagreira. Pelo menos 10 pessoas estavam ao redor do túmulo, rezando, agradecendo por graças alcançadas ou deixando mimos para a criança que morreu aos oito anos.
— Sempre venho ver meus familiares e passo por aqui há anos. Só sei que ela era uma criança e morreu pequena. Venho pela devoção e porque sinto que ela espera que eu venha — conta Marlene Barreto do Amaral, 74.
A fé leva até o túmulo da menina pessoas de todos as religiões. Umbandista, Deise Montanha Rodrigues, 40, afirma ter visto a menina dançando com um lindo vestido:
— Ela está feliz e alegre e me buscou para vir aqui. Ela queira que eu conhecesse. Sempre acendo uma vela.
O espaço onde está enterrada a Ciganinha fica em um gramado e, perto, há um banco para os visitantes. São tantas flores, balas e brinquedos deixados ali que os funcionários que atuam no cemitério precisam retirar os presentes ao longo do dia. A expectativa é que cerca de 40 mil pessoas visitem o cemitério neste feriado de Finados.