Atração inaugurada oficialmente há 44 anos, a Réplica de Caxias de 1885 também é ponto de visitação durante o passeio na Festa da Uva 2022. O espaço ganhou ainda mais destaque na semana passada, quando serviu pela primeira vez de cenário para a abertura do evento. Mesmo que nem todas as casas com arquitetura típica italiana dos primórdios da colonização estejam ocupadas, é possível que o visitante do evento, que segue até 6 de março, encontre opções de gastronomia, música, artesanato e de conhecimento sobre o desenvolvimento de Caxias do Sul.
No local, encontram-se réplicas de 19 casas de madeira, entre a catedral e o coreto, cujas construções obedecem aos padrões originais da época. As casas buscavam reproduzir duas quadras da seminal Rua Grande (atual Avenida Júlio de Castilhos). Conforme o jornalista Luiz Carlos Erbes, autor do livro Festa da Uva — A Alma de um Povo, "a construção da réplica suavizou o cenário moderno do parque de exposições, que pouco lembrava o passado dos imigrantes, mesmo na celebração do centenário, em 1975".
Atualmente, o espaço integra a programação oficial da Festa da Uva e foi sinalizado para que os visitantes conheçam as atrações oferecidas ali. Duas das réplicas abrigam o Mississippi Bar, que deixou a Estação Férrea e migrou para o parque da Festa da Uva há quase três anos. O espaço oferece uma espécie de intercâmbio, já que a decoração do ambiente remete ao blues, um gênero norte-americano, e que contrasta com o clima típico italiano dos demais setores do evento.
O bar oferece pizzas com cinco diferentes sabores e quiches, além de chope, vinho e outras bebidas sem álcool. Segundo a gerente do espaço, Tamires Marin, haverá música ao vivo no próximo sábado (26), o que ajuda a atrair mais visitantes ao local.
— O movimento aumenta quando há mais atrações aqui no entorno da Réplica. Ontem (quarta) tinha missa e trouxe mais pessoas para cá. Ficamos abertos até mais tarde, o que faz com que os funcionários da festa possam tomar uma cervejinha do final da noite aqui. Não lembro algum dia que eu tenha ido embora antes da meia-noite — conta ela.
Fora do período de Festa da Uva, o bar abre nas sextas e sábados a partir das 17h, com a entrada pela Rua Ivo Remo Comandulli. Neste ano, o Mississippi Delta Blues Festival ocorrerá no parque da Festa da Uva durante os dias 19, 20, 21 e 22 de novembro. A venda de ingressos para o festival de blues deve iniciar na próxima semana.
Vizinho ao Mississippi está o Armazém do Gringo, que permite ao visitante da Festa da Uva uma imersão na típica culinária italiana. O espaço oferece alimentação em qualquer horário da festa porque os pratos são preparados na hora que o público chega. Dentre o cardápio do café estão polenta brustolada, grostoli, salame, queijo, geleias, entre outros. Já o almoço de colônia conta com pratos como sopa, risoto e tortei. Outro atrativo é um sanduíche com pão fermentado acompanhado de salame e queijo vendido a R$ 10.
— A nossa proposta é mostrar a colônia para quem visita a nossa cidade. O armazém imita um bodegão, muito presente na memória das pessoas que moravam na colônia. Nossa proposta é resgatar a cultura, servido pratos coloniais, receber os visitantes do parque, de fora e de Caxias — afirma Ricardo Trindade, o Gringo, que dá nome ao estabelecimento.
Mais adiante, a Casa da Uva também funciona como uma espécie de armazém. No espaço, localizado na réplica 11, o visitante encontra artesanato, acessórios, uva, picolés e produtos coloniais, como salame e queijo. O espaço é administrado desde 2019 pela família de Kainara Silva, que está acompanhada da mãe, Orete, e do irmão, Kauany, para receber os visitantes da Festa da Uva. Além da visita para compras, é possível aproveitar um deck instalado em frente à réplica, que oferece uma vista privilegiada dos pavilhões.
— Estamos em um ponto muito bonito do parque, mas que algumas pessoas não chegam, não querem estender um pouco mais o passeio. Mas estamos aqui, trabalhando, para oferecer bons produtos aos visitantes e ajudar a movimentar a festa — conta Kainara.
Museus e artesanato também estão presentes
Um dos espaços mais tradicionais da Réplica está ocupado pela Associação Caxiense de Artesãos (Ascart). Segundo a artesã Adriana Sartor Ripke, a Ascart é formada atualmente por 13 pessoas, que comercializam na réplica 7 diferentes variedades de artesanato, como bonecos, crochê, tricô, macramê, bordados, biscuit, entre outros.
Uma das opções mais comercializadas são panos de prato feitos especialmente para servir como lembrança da Festa da Uva. O espaço abre o ano todo, sempre às sextas, sábados e domingos, entre 10h e 17h30.
— O maior movimento é de turistas. Vem muitas pessoas de outras cidades do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina. Tinha até mesmo pessoas de São Paulo aqui. Torcemos pelo sucesso da Festa da Uva para que mais pessoas conheçam o que é feito aqui — relata Adriana.
A réplica abriga também dois museus. Um deles é o da Água, que é administrado pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Samae). Nesta edição, o espaço conta com uma novidade: os visitantes poderão fazer um tour por todo o caminho que a água percorre até chegar na sua torneira sem sair do lugar, através de óculos de realidade virtual.
Além disso, o museu possui uma exposição de equipamentos antigos que contam a história do saneamento no município, bem como uma mostra sobre os 56 anos da autarquia. O espaço também sediará ações da Educação Ambiental, como pintura facial para crianças e a distribuição de kits com atividades e materiais informativos.
Outro espaço tradicional remete ao passado. Trata-se do Museu do Comércio, inaugurado em 2000, que retrata um Armazém de Secos e Molhados de Caxias do Sul no final do Século XIX. A iniciativa permite aos turistas e comunidade ter contato com peças que relembram a trajetória histórica do comércio de Caxias do Sul.
O Museu conta com um acervo de objetos, móveis, ferraria, chapéus e alimentos: uma reprodução de um estabelecimento comercial da época em que os imigrantes iniciavam as atividades econômicas em Caxias do Sul.
A Secretaria Municipal do Turismo (Semtur) também ocupa uma das réplicas. Dos 19 espaços, sete estavam fechados durante a visita da reportagem nesta quinta (24). Um deles é o Memorial Festa da Uva, inaugurado em 2016, que conta com uma galeria de ex-rainhas do evento.
O Parque da Festa da Uva será concedido à iniciativa privada, segundo a administração municipal. O objetivo da concessão é permitir que novos empreendimentos sejam inaugurados na Réplica, fomentando o espaço com atividades além da realização da Festa da Uva.