A expectativa para recebimento de uma nova remessa de vacinas por parte do Ministério da Saúde é alta na Serra, principalmente, após o término das unidades destinadas à segunda aplicação da CoronaVac nos últimos dias. Em Bento Gonçalves, nenhum idoso entre 68 e 69 anos chegou a receber a segunda etapa da imunização. O grupo foi vacinado pela primeira vez em 27 de março e, agora, precisa aguardar o envio de novas doses. Segundo a prefeitura, cerca de 1,6 mil pessoas estão no aguardo.
As doses foram insuficientes também em Gramado, onde 140 vacinas de CoronaVac se esgotaram na manhã desta terça-feira (27). A aplicação, que ocorria na Expogramado, segue apenas para segunda dose da Oxford/Astrazeneca. São outras 140 doses que podem se encerrar ainda nesta terça-feira. De acordo com a prefeitura, Gramado recebeu apenas 68% da quantidade que era necessária da CoronaVac. As pessoas que não conseguiram a imunização, podem retirar uma senha para ter prioridade a partir da chegada de novas remessas. É o mesmo caso de Caxias do Sul, onde faltaram vacinas para o público de 66 anos ou mais ainda no sábado.
Em Canela, 140 pessoas não foram atendidas. O número diminuiu das 300 que foram prejudicadas ainda na semana passada, mas aplicações que ocorreram no último sábado ajudaram a baixar o número. Em São Marcos, uma ação que previa imunizar quase 300 idosos com segunda dose foi cancelada no sábado, no Centro Alexandre Zaniol, onde aconteceria a atividade. As mais afetadas são as pessoas com 68 anos ou mais, que aguardam novas orientações.
Em São Francisco de Paula, a prefeitura conseguiu aplicar segunda dose por uma semana, mas encerrou após o esgotamento das unidades. A Secretaria da Saúde contabiliza que 805 pessoas de 65 a 70 anos estão descobertas da segunda dose de proteção contra a covid-19.
Frascos apresentam menor rendimento em Garibaldi
Além do problema do atraso na entrega de doses, a Secretaria da Saúde em Garibaldi alerta para o baixo rendimento presente nos últimos lotes. Segundo a secretária, Clarisse Lagunaz, um frasco costumava ter 10 unidades de vacina e era frequente ocorrer sobra. Por isso, houve orientações de não se utilizar o resto da substância para completar uma dose nova. A novidade, porém, é de que as imunizações provenientes do Butantan começaram a não sobrar e nem render 10 vacinas.
— Alguns frascos renderam oito doses, faltando até duas em cada frasco. Nos deparamos com essa situação, que também é um agravante — disse.
Em Garibaldi, a segunda-feira (26) foi de vacinação para algumas pessoas previamente agendadas para a segunda dose. O fim de semana, porém, foi de mutirão para avisar todos os usuários que não haveria vacinação para eles na segunda-feira, já que não havia produto suficiente. Na próxima quinta e sexta-feira (30), outras cerca de 600 pessoas serão acionadas para receber o mesmo aviso. Somadas com as de segunda-feira, são em torno de 800 pessoas na fila de espera.
Preocupação com a imunização
A escassez de vacina levanta dúvidas entre o público, entre elas, como o organismo vai responder diante da falta da substância na data estipulada.
Conforme protocolos vacinais, a aplicação da segunda dose é recomendada após quatro semanas no caso da Coronavac e em 12 semanas para a Oxford/Astrazeneca. Para a médica infectologista Viviane Buffon, ainda não é possível saber qual seria o tempo máximo entre as doses, já que os estudos ainda são preliminares.
— Entende-se que uma dose da vacina já proporciona algum grau de proteção. No entanto, não atinge os índices necessários para a redução, por exemplo, da manifestação mais grave do vírus que leva à internação em UTI. Em princípio, a recomendação é realizar a vacinação assim que estiver disponível. Espera-se que ocorra uma ótima resposta imunológica, mas isso depende também de cada organismo — diz.
A médica entende que o foco deveria ser em não atrasar:
— Precisamos reforçar a produção de vacinas na máxima velocidade. Não atrasar as doses é o ideal, assim como, vacinar o máximo de pessoas no menor tempo possível.
Na segunda-feira (26), a Diretora de Vigilância em Saúde da Secretaria da Saúde em Caxias, Juliana Calloni, afirmou que não haverá necessidade de reiniciar as aplicações em pacientes que enfrentaram atrasos para recebimento da segunda dose. Ou seja, não serão feitas três doses por causa da demora, mas apenas a segunda assim que houver condições.
Todos os municípios informam que precisam receber os novos lotes vacinais para, assim, divulgarem os futuros cronogramas vacinais.