Com o colapso nas unidades de tratamento intensivo (UTIs) na Serra, 64 pacientes com covid-19 aguardam por um leito na manhã deste sábado (20). De acordo com dados da Central de Leitos de Caxias do Sul, que regula as vagas da região, 46 pacientes são do município. Na lista de espera ainda constam 18 pacientes de outros municípios à espera de tratamento na UTI. Outros cinco pacientes de Caxias, que estão infectados com coronavírus, esperam por leito de enfermaria.
O avanço dos casos de covid-19 também prejudica pessoas que enfrentam outras doenças. Há dez pacientes na fila por um leito clínico em Caxias do Sul, e três aguardando leito de enfermaria para tratar outras doenças. Também há um paciente de outra cidade à espera de leito clínico e outros nove que precisam de leitos de enfermaria em busca de tratamento para demais doenças. Esses pacientes ficam à espera de transferência em unidades de pronto-atendimento, em macas de prontos-socorros e leitos de enfermaria dos hospitais de Caxias do Sul e região.
A diretora do Departamento de Avaliação, Controle, Regulação e Auditoria (Dacra) de Caxias do Sul, Marguit Meneguzzi, explica que eles aguardam atendimento em estruturas minimamente montadas para suporte emergencial à vida. São pacientes com alto potencial de agravamento e requerem assistência de maior complexidade que em leitos de enfermaria não estão integralmente disponíveis. Por isso, deveriam estar em leitos de UTI. Ela ressalta que a espera por um leito tem levado de 48 horas a 72 horas:
— Ainda temos muitos pacientes graves esperando. Parece que diminuiu o número de solicitações, mas não o suficiente para atendermos a demanda que já está esperando — aponta a diretora.
Diante da situação, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) apela, mais uma vez, para que a população respeite as medidas de prevenção, porque é necessário diminuir o contágio para que o sistema de saúde consiga atender os pacientes. A ampliação de leitos esbarra na falta de estrutura física e dificuldade de contratação de profissionais. Por isso, é essencial usar máscara, manter o distanciamento social, evitar aglomerações e fazer higiene das mãos.
— Cada nova contaminação pelo coronavírus pode representar a necessidade de um leito de UTI que nós, infelizmente, não temos, e por isso reforçamos essas medidas. As pessoas precisam se conscientizar de que, ao se contaminarem, podem colocar em risco não só a sua vida, mas de um familiar — frisa a secretária da Saúde, Daniele Meneguzzi.
Mortes por falta de leito de UTI
Com os hospitais da Serra lotados, sem leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), até o dia 18 de março, ao menos 27 pacientes perderam a vida enquanto aguardavam por uma vaga na UTI. Os casos mais recentes foram registrados em Flores da Cunha, São Marcos, Veranópolis, Guaporé e Nova Bassano. Carlos Barbosa, Nova Prata, Nova Petrópolis e Feliz também contabilizam mortes de pacientes por falta de leitos.
Os números são referentes ao período de janeiro a março de 2021 e podem ser ainda maiores porque o levantamento da reportagem diz respeito apenas aos 25 hospitais dos municípios que integram a área de abrangência da 5ª Coordenaria Regional de Saúde (CRS). Além disso, há pacientes que conseguiram leitos, mas morreram logo após serem transferidos ou ainda na ambulância, a caminho de outro hospital. A reportagem contatou os hospitais e também a 5º CRS para obter os dados.