
O cenário de agravamento da pandemia apresenta reflexos na realidade de hospitais da região. Em Vacaria, o Hospital Nossa Senhora da Oliveira está com ocupação no limite máximo nesta terça-feira (1º). De acordo com a diretora-presidente, irmã Adelide Canci, quatro leitos da área clínica destinada à covid-19 foram abertos nesta terça-feira. O número soma-se a outros 24 do mesmo setor. São 17 pacientes internados na área. Já na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), há cinco leitos e todos estão ocupados. Três deles estão fechados por falta de profissionais da saúde.
De acordo com Adelide, a situação começou a se agravar na metade de novembro. Ela considera que os três feriados entre outubro e início de novembro - Vacaria tem feriado municipal em 22 de outubro, influenciaram a população a viajar.
— Se hoje um dos doentes da área covid precisar de UTI não teremos leito disponível e teremos que buscar fora. Estávamos bem com no máximo dez pacientes. Houve dias, em outubro, que estávamos com um paciente na UTI. A partir de 14, 15 de novembro começou a crescer e não parou mais. Muitos viajaram e voltaram com sintomas — cita.
No início da pandemia, Vacaria atuava com oito vagas de UTI-Covid, mas três leitos precisaram ser fechados.
— Não temos profissionais para atender a demanda. Há vagas abertas para técnicos de enfermagem e enfermeiros há tempo. Além disso, os médicos na ala covid demonstram cansaço muito grande — conta.
A preocupação com a falta de cuidados por parte da população foi motivo de uma iniciativa que chamou a atenção na cidade. Uma publicação na página do Facebook do hospital, de 24 de novembro, mostra duas profissionais da saúde transportando uma maca com uma vítima de covid. O texto é de desabafo e apelo: "Cada dia vemos mais pessoas chegando ao Hospital em busca de cuidados. Mais gente contaminada, mais gente doente. E por fim, profissionais da saúde cansados, adoecendo, tristes por ver o descaso de parte da população. Sim, os profissionais da saúde ficam tristes, porque eles sabem como é o fim de alguns pacientes." Ao final, o alerta: "Por favor nos ajude. Cuide-se, por amor a você e a quem você ama."
Segundo Adelide, algumas pessoas questionaram a publicação, mas ela entende como necessária.
— Falamos tanto e não nos dão atenção, fizemos desta forma para conscientizar — afirma.
Transferência por falta de leito - Uma moradora de São José dos Ausentes morreu no Hospital Geral (HG) de Caxias do Sul, no último domingo (29). O caso é um exemplo de transtornos causados pela atual situação. Sem vagas em leitos de UTI, a paciente que estava na área clínica do Hospital Nossa Senhora da Oliveira foi transferida para Caxias em 19 de novembro, após nove dias de internação. Antes disso, ela e outro paciente estavam na lista de espera para ingressar na UTI. O outro conseguiu atendimento porque houve óbito na unidade intensiva.
O secretário da saúde de São José dos Ausentes, confirma a informação e explica que todos os cerca de 3,5 mil habitantes do município recorrem a Vacaria para internações já que Ausentes não possui hospital. Conforme Fabio Williges, a cidade conta com um ambulatório.