A Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne), que representa parte das cidades da Serra, é a favor de mudanças propostas pelo Governo do Estado no sistema de distanciamento controlado. As sugestões foram levantadas em reunião na terça-feira (21) pelo governador Eduardo Leite (PSDB). Caso se confirmem as mudanças, as regiões ganhariam mais poder para definir quais protocolos seguir para evitar a propagação do coronavírus.
Conforme o presidente da Amesne e prefeito de Cotiporã, José Carlos Breda (PP), o encontro tratou da situação da bandeira vermelha, mas não da preta — essa última indica o mais alto risco de contágio. A Serra tem contestado regularmente as decisões do Estado quando é classificada na bandeira vermelha. O entendimento dos prefeitos é que o fechamento total do comércio e dos serviços não essenciais, por exemplo, prejudica fortemente a economia ao mesmo tempo em que a Serra tem condições de absorver a demanda regional por hospitais.
Um Observatório Regional da Saúde chegou a ser criado para acompanhar os dados estaduais. A avaliação é que, com esse suporte técnico, as prefeitura das Serra têm condições de definir os melhores protocolos a serem seguidos, conforme Breda:
— Vemos com bons olhos essa oportunidade. Seria um compartilhamento das decisões.
O presidente da Amesne admite, no entanto, que uma das preocupações para a projeção de cenários é a destinação de pacientes para internação em UTIs da Serra por parte de outras regiões. Conforme o prefeito, essa situação precisa ser melhor compreendida, porque pode gerar distorções na avaliação de cenários futuros, já que os dados analisados são os regionais. A regulação dos leitos é feita pelo Estado e, como o SUS é administrado de forma conjunta pelos entes federativos, pacientes podem ser alocados em cidades diferentes das que moram.
A Serra tem 258 leitos de UTI e 79,5% estão ocupados nesta quarta-feira (22), conforme dados disponíveis no painel da Secretaria Estadual da Saúde.