Desde o dia 22 de abril, as academias de Caxias do Sul foram liberadas para retomar suas atividades, segundo o decreto municipal nº 20.877, com diversas restrições em decorrência da pandemia de coronavírus e a determinação do estado de calamidade pública. Após pouco mais de um mês fechados, os estabelecimentos de saúde reabriram com limitação de um aluno a cada 16m² e com medidas de higienização constantes, como o uso obrigatório de máscaras e toalhas para quem está se exercitando.
A liberação das atividades, porém, não significou o retorno de todos frequentadores às academias. Além da restrição imposta pelo decreto, há também aqueles que estão nos grupos de risco, que estão impedidos de utilizar o serviço, e quem simplesmente entende que ainda não é hora de retomar sua rotina de treinos por receio de pegar ou transmitir a doença.
Para as academias, é um momento diferente, em que é preciso se reinventar para manter os alunos, o faturamento e o equilíbrio entre o fator econômico e a saúde no meio da pandemia.
— Estamos trabalhando em 30% do que era em função das restrições e da preocupação de muitas pessoas em retornar. Fica muito complicado até mesmo da gente administrar essa situação — afirma Jaqueline Demari, proprietária de duas academias em Caxias do Sul, que além de musculação, oferecem natação para os alunos e seguem as determinações de dois metros entre um aluno e outro dentro d'água, onde o cloro evita o risco de contaminação com o coronavírus.
Para Eduardo Bohrer, que é dono de uma academia, que além da musculação oferece outras modalidades para os alunos, o retorno também não está sendo fácil.
— Na verdade, está bem difícil. Voltamos com todas as regras que estavam determinadas. As pessoas estão retomando devagarinho, não é aquela procura toda. Ainda há um receio. Essa semana vamos retornar o tênis e o beach tennis, que foram liberados com aulas individuais. Mas já está melhorando em relação a retomada — diz Bohrer, explicando que, em alguns momentos do dia, o agendamento da musculação completa o limite permitido pela academia:
— Alguns horários mais nobres, como 18h, 19h e no início da manhã, estão começando a lotar dentro da capacidade máxima e o distanciamento obrigatório. Pelo tamanho, poderíamos receber até 48 pessoas por hora, mas restringimos em 40 alunos para ter mais espaço.
Impactos financeiros
Como em quase todos os setores, as academias também sofrem forte pressão financeira com o período em que estiveram paradas e com a redução de movimento. Em alguns casos, cantinas e outros comércios paralelos não retornaram. Em grande parte das academias da cidade, os alunos terão compensação no final do período do plano para compensar os dias em que os estabelecimentos ficaram fechados ou em que os clientes não se fizeram presentes por conta das restrições. A cobrança da mensalidade, na maioria das vezes, não deixou de ser feita neste momento, mas o valor pago não será perdido.
— Tivemos poucos alunos que cancelaram o plano. A maioria está acreditando que vai passar e vai poder usufruir seu plano depois, sem perdas. Eles têm entendido que isso nos ajuda a virar o mês, porque luz, água e telefone continuam — explica Jaqueline.
Outras medidas também ajudaram para que as academias pudessem continuar as atividades sem que o prejuízo fosse ainda maior:
— Estamos usando a ajuda do governo federal para os salários na folha de pagamento, com a redução de jornada de alguns funcionários. Estamos esperando para ver o que pode vir mais de ajuda dos bancos para conseguir manter todo mundo. Até agora, não demitimos ninguém — afirma Bohrer.
O equilíbrio entre saúde e economia é também uma constante na vida de quem administra as academias. No entanto, com a expectativa de que o momento vai passar, os empresários fazem o esforço para que, quem quer usar o exercício como forma de alívio mental em meio ao distanciamento social, possa fazer dentro das academias.
— O futuro, próximo ou distante, a gente procura nem ficar pensando demasiadamente. Pensamos o que fazer amanhã, porque muito longe não dá. Mas para nós é muito complicado. Tu aquecer uma piscina de 10 metros é uma coisa. Agora, fazer isso em três, uma de 25m e outra de 20m, para ter quatro alunos ali, quase não valeria a pena. Seria bem mais fácil se fosse só musculação. Mas eu não estaria dando para o aluno o mínimo, que é poder deixar ele vir e espairecer um pouco. Ficamos em uma corda bamba, mas vamos pensar no bem estar do aluno, porque sempre se precisa do cliente — concluiu Jaqueline.