Há mais de três décadas, Marinei Pedralli, 46 anos, realiza o mesmo ritual: vai à praia na noite de 1° de fevereiro levar flores para Iemanjá.
– Gosto da energia e também venho pela simbologia – disse a professora universitária, segurando um ramalhete de rosas.
Ela conta que a tradição aprendeu com a mãe ainda na adolescência e que não falta em nenhum ano. O fato de morar em Torres também ajuda. Como, Marinei, centenas de pessoas participaram das homenagens à rainha do mar organizado pela Casa da Mãe Cristina de Oyá, na Prainha, na noite do último sábado e começo da madrugada de domingo.
Uma estrutura com gradis em forma de um grande círculo e iluminada com holofotes foi montada na areia. Uma procissão saiu da área central da cidade por volta das 21h e chegou à praia cerca de uma hora depois.
Segundo Claudionor Machado, filho de santo da Mãe Cristina, a caminhada ocorre há 23 anos.Na prainha, os integrantes da Casa dançavam e se apresentavam frente à imagem de Iemanjá que descansava no barco. Enquanto isso, uma longa fila se formava.
Dona Giane Teixeira Goulart, 49, era uma das primeiras pessoas que aguardavam junto ao cercado. Há três anos ela faz a viagem de férias coincidir com a data de Iemanjá. Sai de Caçapava do Sul, na Região Central,e vem a Torres participar das festividades.
– Sempre procuro agendar para que eu pegue esse ritual de Iemanjá, porque acho muito importante essa energia do bem, de proteção,que é trabalhada aqui – contou a professora.
Depois de ser atendida pelos religiosos, ela foi ao mar e jogou uma rosa nas ondas que vinham fortes sobre a areia. Pouco antes da movimentação começar, os caxienses Ana Daniela de Freitas, 28 anos, e o marido Alexandro Won Muller, 29, vendiam ramalhetes de rosas no calçadão.
Ana contou que a atividade é desenvolvida pelo sogro há 20 anos em Caxias e que todos os fevereiros os filhos descem a Serra para comercializar as flores no Litoral. Desta vez, veio a família inteira, o casal e as filhas Giovana de Freitas Won Muller, 10, e Ana Carolina de Freitas Won Muller, 3. O trabalho rende um bom dinheiro extra à família.
Alexandro trouxe 40 ramalhetes com oito flores vendidos a R$ 20 cada.
– É muita procura, porque aqui é difícil encontrar rosas assim – disse Ana Daniela.