Após ser suspenso pela nova administração municipal, o edital de licitação do transporte coletivo de Caxias do Sul terá alterações em quase todas as exigências antes de ser novamente publicado. É o que revelou o secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade de Caxias do Sul, Alfonso Willembring, em entrevista ao programa Gaúcha Hoje, da Gaúcha Serra, na manhã desta quinta-feira (30). O documento original, elaborado durante a gestão de Daniel Guerra (Republicanos), previa, entre outros pontos, duas bacias operacionais na cidade, com empresas diferentes operando cada uma delas.
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O secretário não deu data para a retomada do processo e também não confirmou se serão selecionadas uma ou duas empresas, mas garantiu que os responsáveis pela operação do sistema serão conhecidos ainda em 2020. Ele reconheceu, porém, que o atual contrato com a Visate, com vencimento previsto em maio, deve ser prorrogado até a conclusão do certame.
— O edital está sendo recriado, estamos começando quase do zero. O que havia sido feito antes não será totalmente desprezado, mas estamos adequando todo o edital. A participação de empresas vai ser livre, mas são muito grandes os fatores a serem considerados. O edital não exigia, por exemplo, uma capacidade de estacionamento para os veículos dessas empresas. Temos hoje cerca de 300 veículos da Visate e mais alguns de empresas que fazem as linhas do interior. Vamos supor que se divida entre duas empresas, 150 veículos. Se imagina que uma empresa não tenha a capacidade de construir garagem própria. Eles vão ficar acomodados na rua durante a noite? — questiona.
Com relação à tarifa, Willembring disse que a pasta aguarda a composição do novo Conselho Municipal de Transportes para iniciar as discussões. A secretaria já recebeu a planilha de custos elaborada pela Visate, que aponta, segundo o secretário, um valor entre R$ 4,80 e R$ 4,90. No entanto, Willembring diz que é improvável que esse valor seja adotado após as discussões.
O secretário disse ainda que há a intenção de resgatar cerca de R$ 4 milhões obtidos junto ao governo federal para a construção de corredores de ônibus de concreto nas ruas Marechal Floriano e Bento Gonçalves. A obra estava nos planos da gestão de Alceu Barbosa Velho (PTD) como parte do Sistema Integrado de Mobilidade (SIM) Caxias, mas o prefeito Daniel Guerra, contra esse tipo de investimento desde a campanha eleitoral, acabou não levando o projeto adiante. Com isso, segundo Willembring, o prazo de utilização dos recursos venceu.
— Isso não é para facilitar tráfego ou coisa parecida, é para redução de investimentos no futuro. Nos primeiros corredores implantados em Caxias, na Rua Pinheiro Machado, por exemplo, a prefeitura não gasta mais um centavo em recapeamento ou conserto daquele corredor. Com asfalto, não existe estrutura que suporte. Tem que fazer fresagem, raspagem ou asfaltamento no máximo a cada ano, ano e meio — observa.
Apesar dos planos de retomar parte das obras previstas originalmente no SIM Caxias, o secretário descarta retomar a proibição de conversões ou horários exclusivos para o corredor secundário. A intenção, segundo ele, é focar em ações para que os próprios motoristas entendam a necessidade de dar espaço ao transporte coletivo especialmente em horários de pico. A secretaria também projeta para os próximos meses ações para a melhoria do fluxo em pontos mais problemáticos da cidade, como no entroncamento junto à Casa de Pedra, no bairro Santa Catarina, e no anel perimetral. Ele não descarta, inclusive, a retirada de novas vagas de estacionamento para comportar o aumento da frota da cidade. Além disso, ações de fiscalização também devem ser o foco para a redução de acidentes.
— Não falo nem na intensificação da fiscalização, mas na presença, que, por si só, pode coibir uma conduta perigosa.
Willembring afirmou ainda que há estudos avançados para implantação de ciclovias e ciclofaixas na cidade, especialmente interligando os parques. No entanto, é preciso avaliar outros fatores, como o comportamento dos motoristas antes de torná-las realidade.