A violência contra a mulher cresce a cada ano. Os números de mulheres agredidas por companheiros são cada vez maiores. No primeiro semestre deste ano, a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) registrou cerca de 1,6 mil casos, 14% a mais que o mesmo período de 2018. A média é de 274 por mês e nove por dia. Este cenário, no entanto, não inclui as que sofrem caladas. Dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado apontam que cerca de 70% não registram Boletim de Ocorrência (BO).
Maria faz parte das estatísticas de mulheres agredidas por seus maridos em Caxias do Sul. Numa noite fria de 2016, Maria resolveu sair com uma amiga. Chegou em casa e, pela primeira vez, sentiu repulsa pelo marido. Era o começo de uma nova fase. Calmamente juntou as roupas dele e as colocou no corredor. Gentilmente pediu que fosse embora de casa.
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A reação não poderia ser outra: quebrou o telefone, o vidro da mesa e outra dezena de objetos. Mesmo com a filha de um ano e meio no colo, partiu pra cima dela. Bateu e chutou sem parar por mais de 30 minutos. Maria apanhou quieta, sem reagir mesmo vendo o desespero das crianças, que assistiam a tudo.
— Achei que fosse me matar — conta.
De madrugada, ele foi embora. Destruída, reuniu forças para levantar do chão. No dia seguinte, com muito esforço, levantou da cama.
— Não tinha um lugarzinho em meu corpo que não doesse. Além da dor, estava destruída emocionalmente.
Cheia de dívidas, não sabia por onde recomeçar, pois até os R$ 300 que tinha na gaveta para comprar comida, ele levou. Desta vez, no entanto, Maria sentiu um sentimento diferente. Estava curada de uma paixão doentia.
Meses depois, Maria começava uma nova história de amor. Esta, felizmente, com um enredo diferente.
Como e onde denunciar
Coordenadoria da Mulher: (54) 3218.6026
Centro de Referência para a Mulher: (54) 3218.6112
Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM): (54) 3220.9280
Patrulha Maria da Penha: (54) 9 8423.2154
Central de Atendimento à Mulher: telefone 180
Casa de apoio Viva Raquel: abrigo destinado a atender e acolher mulheres em situação de violência doméstica, com risco de morte, juntamente a seus filhos. Por segurança, o endereço da casa é sigiloso.
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