— A primeira vez foi em 1977 — lembra o empresário Valmor Lorencet, no Dia Mundial do Doador de Sangue.
Trimestralmente, ele deixa uma bolsa de seu sangue, A positivo, no estoque do Hemocentro Regional de Caxias do Sul (Hemocs). Antes de tornar-se um doador fidelizado, contabilizando mais de 40 doações nos últimos 15 anos, ele conta que já praticava a ação solidária de forma esporádica e não esquece a primeira vez que o seu sangue foi necessário para alguém.
— Eu tinha vinte e poucos anos, estava no seminário em Veranópolis, jogando futebol no domingo à tarde e um guri se acidentou de moto. Eu e mais alguns colegas fomos ao hospital para doar pois estavam precisando, por isso eu soube que ele recebeu o meu sangue — lembra.
Naquela vez, o sangue de Lorencet não salvou a vida do motociclista, mas a experiência de poder ajudar foi decisiva para que o então jovem, natural de Nova Prata, adotasse a prática, inclusive após mudar-se para Caxias, em 1980.
— Quando o rapaz faleceu, parecia que um pouco de mim tinha morrido com ele, por isso acho legal não saber pra quem a gente doa, não interessa, o importante é deixar bem quem doa e quem recebe.
Prática virou rotina
Empresário do ramo imobiliário, desde 2004 Lorencet concilia a rotina profissional ao cumprimento das quatro doações anuais que pode realizar (para mulheres são apenas três). Ele só vê vantagens em manter-se doando com esta frequência:
— Em 2004, me organizei para isso e estou muito feliz porque ganhei saúde e fazer o bem sem olhar a quem é muito bom, saio de lá com o coração batendo mais forte — conta Lorencet, que sequer lembra da última vez em que ficou gripado.
A boa saúde dele pode ser comprovada com os mais de mil metros de nado que ele pratica, três vezes por semana. Atento aos cuidados necessários para a doação, Lorencet conta que a única mudança que precisa fazer em sua rotina no dia da doação, é referente à natação, por conta do braço que fica mais sensível.
— Eu sempre tomo bastante água e, no dia, um pouco mais. Se a pessoa se cuida, quando termina de doar sangue, vai pra tudo que é lugar. A doação não estraga a programação, muito pelo contrário, a gente vai lá, conversa e ainda faz um lanchinho — garante.
A frequência já tornou o doador conhecido no Hemocs e, até mesmo, reconhecido fora de lá. Mesmo com a "fama", ele conta que acaba fazendo campanha pra doação em casa, entre os seus familiares.
— Faço uma campanha mais caseira, se todo mundo fizesse, não faltaria sangue nos estoques — avalia.
Lorencet também é ativo em outras ações voluntárias, é cadastrado também como doador de medula óssea, e acredita que, quando o assunto é solidariedade, o bem acontece tanto para quem dá quanto para quem recebe. Isso ele aprendeu ainda na juventude, em 1977, e pretende levar até o final da vida.
— Enquanto eu tiver saúde, pretendo doar. Não adianta falar, precisamos de atitudes, temos que fazer a nossa parte.
Reposição do estoque é necessária
O Hemocentro Regional de Caxias do Sul (Hemocs), que recebe o sangue de Lorencet, fornece bolsas para a rede SUS de 49 municípios da região Nordeste do Estado. De acordo com a diretora Carolina Caram Brum, o estoque encontra-se satisfatório no momento, mas uma frequência de doadores é necessária, por conta do prazo de validade.
De acordo com ela, a média de 40 doações por dia fica dentro do ideal para o atendimento da rede regional e o tipo sanguíneo "O" - tanto negativo quanto positivo - costuma ser o mais necessário.
— A demanda varia muito, não temos como prever quando precisamos mais ou menos, mas agradecemos muito aos pacientes que têm contribuído para manter os estoques — afirma.
A diretora relata que o sábado costuma ser o dia de mais movimento no Hemocs, enquanto em outros dias as pessoas acabam não indo doar, por isso um estudo que está em desenvolvimento pretende implantar um sistema de agendamento, o que contribuiria para a distribuição desse público doador.
Atualmente, quem vai durante a semana, de forma individual, não precisa agendar atendimento. Legalmente, todo trabalhador tem direito a uma folga por ano para realizar a doação de sangue. Atentar aos critérios básicos, que devem ser cumpridos, também auxilia na efetivação do ato de solidariedade.
CRITÉRIOS BÁSICOS PARA DOAR
:: Estar bem de saúde
:: Pesar mais de 50 kg
:: Dormir no mínimo seis horas, na noite anterior à doação
:: Não estar em jejum
:: Evitar alimentos gordurosos nas três horas que antecedem a doação
:: Não ingerir bebida alcoólica nas 12 horas anteriores à doação
:: Não fumar por pelo menos 2 horas antes da doação
:: Ter idade entre 18 e 69 anos, 11 meses e 29 dias
:: Jovens de 16 e 17 anos podem ser doadores mediante autorização formal dos pais e/ou responsável legal, acompanhada de cópia da carteira de trabalho ou da identidade do responsável
:: Apresentar documento oficial de identidade com foto (identidade, carteira de trabalho, certificado de reservista, carteira de conselho profissional ou carteira de habilitação
Atendimento
O Hemocs fica na Rua Ernesto Alves, 2260, no centro de Caxias do Sul. O atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, das 8h30min às 17h, sem fechar ao meio-dia. Aos sábados, o horário é das 8h às 11h30min. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail hemocssocial@caxias.rs.gov.br ou pelos telefones (54) 3290-4543 ou (54) 3290-4580.
Leia também
Pronto desde 2017, posto de saúde começa atendimentos em Caxias do Sul
Policial que socorreu jovem em trabalho de parto na BR-116, em Caxias, afirma que não houve conflito com manifestantes
Maioria das escolas de Caxias não tem aulas nesta sexta
Estradas são liberadas após protesto em Caxias
Funcionários que participarem da greve geral poderão ser responsabilizados por falta