Cansados de esperar pelo poder público, 80 voluntários se reuniram neste sábado (9) para tornar mais agradável a volta às aulas do Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza. O mutirão atua na área externa, capinando, limpando e pintando os pátios e brinquedos da escola. São estudantes, ex-alunos e ex-professores que tem boas lembranças de uma das escolas mais tradicionais de Caxias do Sul.
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Um destes voluntários é José Gustavo Müller, 49 anos, que acordou cedo e veio de Porto Alegre para ajudar o instituto. Ele soube do mutirão por um grupo de ex-alunos.
— O estado está triste, mas rever a escola é emocionante. Estou muito feliz, depois de 32 anos, em voltar a entrar na escola para ajudar a reerguer ou, pelo menos, torná-la um pouco mais agradável. Olha o tamanho desta escola, a estrutura que há. Não podemos abandonar e deixar cair — conta o bancário que frequentou o Cristóvão de 1974 e 1986.
O trabalho foi dividido em quatro equipes que trabalham na entrada da escola, no parque, na cozinha e nos fundos. O mutirão conseguiu até uma retroescavadeira para limpar uma área que está abandonada há mais tempo e oferece riscos aos estudantes.
As irmãs Regiane e Daniela Mazon do Valle também participaram deste "reencontro". Elas fizeram parte das turmas no final da década de 1990 e, na manhã deste sábado, arrancavam matos que cresceram na quadra de esportes.
— Fazemos parte desta história e o Cristóvão faz parte da gente. Se cada um fizer um pouco, a escola vai seguindo em frente — opina Daniela, 36, que hoje é coordenadora de recursos humanos.
— O que vemos é o descaso, mas não é a depredação dos alunos. Não tem pichações. É a falta de incentivo, de investimento e falta manutenção. As salas estão bem estragadas pelo tempo e a falta de reformas — relata Regiane, que ainda precisaria trabalhar no turno da tarde como analista de recursos humanos.
Os voluntários não tem autorização para trabalhar no interior da escola estadual. Ainda assim, o grupo coleta doações para auxiliar a direção na troca de lâmpadas, fechaduras e vasos sanitários.
Os problemas mais graves do Cristóvão são os estruturais, como infiltrações, buracos no piso e falta de reboco nas paredes. Estas reformas dependem do governo estadual e não tem previsão de acontecer. No início de janeiro, foi suspensa a licitação das obras prometidas desde 2012.