Os impasses na conclusão do Aeroporto Regional dos Campos de Cima da Serra, localizado às margens da BR-285, em Vacaria, são de longa data. Há mais de 30 anos, os trâmites para a finalização do projeto têm passado de um governo estadual para outro sem avanços significativos. O último investimento no local foi em 2012, quando se construiu a pista para pousos e decolagens, movimentando cerca de R$ 20 milhões. Hoje, a área de 2.020 metros de extensão por 30 metros de largura, pensada inicialmente para o tráfego de aviões de carga, está entregue aos voos de quero-queros. Para tentar reverter esse cenário e buscar apoio dos empresários locais e do governo federal, a Câmara de Vereadores de Vacaria lançou ontem à tarde a Frente Parlamentar pela Conclusão do Aeroporto. Liderada pelo vereador Marcelo Dondé (PP), a comissão tem por prioridade buscar recursos para investir na iluminação da pista e em equipamentos de auxílio à navegação. Estima-se que a verba necessária para tornar o aeroporto operante gire em torno de R$ 8 milhões.
—Falta pouco para que a gente consiga executar essa obra. É um objetivo fácil. Se fosse construir tudo hoje, custaria mais de R$ 30 milhões. Estamos com a pista pronta há mais de oito anos. Vamos deixá-la se deteriorar para, então, fazer algum movimento e ter que investir sabe-se lá quanto? Então, estamos nos mobilizando para pedir o apoio de empresários, governantes e comunidade — enfatizou Dondé.
Além das melhorias em infraestrutura, uma preocupação dos parlamentares é viabilizar o uso da pista para aviões que transportam passageiros. Pensando nessa necessidade, em agosto, foi solicitada e aprovada uma alteração na lei (projeto de lei 0037/2017), a nível municipal, que torna a pista mista. No entanto, a demanda precisa passar pela aprovação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que decidirá também quais tipos de aeronaves podem trafegar.
Com dificuldades para realizar operações devido à falta de iluminação no solo e de uma torre de controle, havendo somente pintura demarcando a faixa de pouso, o local não recebe voos regulares, cargueiros ou sequer operações comerciais. As partidas e chegadas têm fluxo restrito a mono e bimotores, que são autorizadas apenas em dias de tempo aberto e com sol. Segundo a assessoria da Câmara, a reunião com a Anac está prevista para 23 de outubro, em Brasília.
O modelo de administração do aeroporto chegou a ser discutido na sessão ontem à tarde, mas não ficou definido. No momento, a gestão é compartilhada entre a prefeitura de Vacaria e o Estado. De acordo com o Departamento Aeroportuário do Estado (DAP), o aeroporto Campos de Cima da Serra é capaz de operar aviões de até 60 passageiros, porém ainda não há acordos com companhias aéreas para essa modalidade.
Projeto e próximos passos
Em 1987, no governo de Pedro Simon, foi lançado o projeto do aeroporto com vistas a incentivar o transporte de maçãs na região e fomentar o mercado da Serra. Três gestões depois, foi viabilizado o início da terraplanagem, que só pôde ser concluída em 2012, no governo Yeda Crusius. Foram investidos R$ 20 milhões na construção da pista de decolagem. O aeroporto recebeu autorização da Anac para a operação apenas de aviões particulares, não podendo operar com voos de linhas comerciais. Desde 2012, espera-se pela finalização e entrega do aeroporto, que conta com pista, três hangares e uma casa de zelador prontos.
As próximas demandas para execução e entrega do aeroporto incluem a construção de prédio para sistema de comunicação, terminais de passageiros e de cargas, construção de casa de força, asfaltamento do acesso de entrada do aeroporto pela BR-285 e uma série de questões técnicas e de segurança que precisam ser acordadas com o governo.