A vista do alto da Casa da Juventude Joanin Rosseti, no distrito de Vila Oliva, interior de Caxias do Sul, dá uma boa ideia do trabalho que os moradores do distrito caxiense têm pela frente para reconstruir o que foi devastado pelo temporal da madrugada de 8 de junho. Visto lá de cima, o cenário de casas destruídas, árvores derrubadas e entulho espalhado por todos os lados impressiona. Ao mesmo tempo em que a comunidade tenta retomar a rotina, ainda há muito a ser feito.
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É graças à solidariedade de gente como Luiz Fernando Raimann, 53 anos, que o lugar vai sendo reerguido. Na tarde de sábado, o gerente de engenharia e outros seis familiares trabalhavam na pintura interna da nova casa de duas moradoras do distrito, já que a anterior precisou ser removida em razão dos estragos.
– Estamos tentando terminar o quanto antes para elas voltarem – afirma Luiz Fernando.
– A gente vai desenvolvendo habilidades. É bacana a gente se envolver com isso e fazer o pouco que a gente pode nos momentos em que está disponível – acrescenta a cunhada Marizete Raimann, 55.
Perto dali, o freteiro Sérgio Vidor, 66, acompanhava o trabalho na casa comprada há seis anos. Investiu R$ 60 mil na aquisição do imóvel, que estava alugado. Com o vendaval, sobraram apenas as paredes do banheiro, de alvenaria.
Para reconstruir a residência, recorreu a conhecidos para obter o dinheiro com o qual adquiriu os materiais necessários.
– Não tinha previsão de gastar esse dinheiro, mas tem de tocar o barco para frente. Parar é pior – resigna-se, estimando em R$ 20 mil o custo total para deixar a casa novamente habitável.
Em outra rua, o motorista Valdomiro Portolan, 59, observava a obra na garagem ao lado da casa onde mora com a mulher e o filho. Até este sábado, os esforços se concentravam no conserto do telhado, arrancado pelo vento. Com o auxílio de muletas, necessárias para locomover-se desde que machucou a sola do pé esquerdo com dois pregos que estavam nos entulhos, caminhava entre tijolos e cimento usados para reerguer as paredes do local utilizado para guardar o automóvel da família e onde ficava a cozinha.
– A natureza faz o que ela quer, mas vamos lá, né? O importante é que já temos a cobertura (da casa). Pior é onde morreu pessoas. Aí é uma coisa sem retorno. A gente vai construindo conforme pode – reflete.
Mão de obra especializada
Um levantamento da Comissão Municipal de Defesa Civil (Comdec) constatou que foram atingidas 131 residências em Vila Oliva, sendo 65 danificadas e 66 totalmente destruídas.
Embora não sejam mais necessários alimentos, roupas e cobertores, doações de materiais de construção, bem como de mão de obra especializada, como pedreiros, carpinteiros e eletricistas, ainda são bem-vindas.
– A coisa vai esmorecendo, mas a necessidade continua. A prefeitura fez o trabalho de rescaldo, mas agora tem toda a reconstrução para ser feita. A gente entende que quem veio naquela semana fez um esforço extra, e agora tem de retomar suas vidas, mas nos fins de semana a gente pode continuar ajudando – salienta Luiz Fernando Raimann.
Na última quinta-feira, a Defesa Civil do Estado homologou a situação de emergência decretada pela Prefeitura de Caxias do Sul. O próximo passo é o reconhecimento da situação pelo Ministério da Integração Nacional. Somente depois disso é que os recursos estaduais e/ou federais poderão ser repassados para o município.
Mortes
Duas pessoas morreram em consequência do temporal: Claudina Rech, 78, e Émerson Cavalheiro de Moraes, 20