"Nosso colono é inquieto, estuda, viaja", diz especialista sobre agricultor de Caxias

Cada vez mais o colono busca a qualificação para se tornar competitivo no mercado, constata o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caxias do Sul, Rudimar Menegotto. A constante busca pela profissionalização é uma das preocupações da entidade, que procura oferecer cursos e visitas técnicas aos associados.

- O agricultor quer ser mais profissional. Ele tem visto que precisa buscar uma especialização, algo a mais, para manter a propriedade em dia e rentável - avalia.

Ainda que não exista nenhum levantamento oficial que identifique o êxodo rural, lideranças estimam que metade das propriedades rurais não vislumbra sucessores em Caxias. O desinteresse pode partir, muitas vezes, do próprio agricultor, que aconselha o filho a investir em outros negócios e viver em centros urbanos.

- Um fator importante que desestimula são as dificuldades em torno da segurança do negócio. O clima adverso implica em problemas que vemos nesta safra, então faz a família pensar muito bem se continua com o negócio. Mas aí a tecnologia pode ajudar - explica o presidente.

Está mais fácil, por exemplo, ter acesso à tecnologia para controle da safra, da colheita, da irrigação das videiras e da cobertura contra intempéries. São técnicas que podem pode ser aprimoradas em cursos mantidos com parte dos impostos pagos pelos produtores.

Engenheiro agrônomo e professor da UCS por 11 anos, Jaime Lovatel afirma que dúvidas relacionadas à qualidade das frutas são as mais recorrentes. A busca por palestras e qualificações tem crescido, segundo Lovatel. O especialista diz, com orgulho, que a Serra Gaúcha concentra um grande número de agricultores curiosos.

- Daqui a 10 anos, você não verá mais parreirais que não estejam cobertos. A saída para manter-se no campo é proteger as videiras - prevê.

Viagens técnicas para Argentina, Chile e regiões vitícolas da Europa são frequentemente organizadas por moradores da Serra:

- Nosso colono pode até ter o estilão dele, com sotaque forte, chapéu de palha, mas é alguém que não se acomoda, é inquieto, viaja, estuda. Se não domina o que os livros dizem, quando enxerga uma nova técnica, ele entende - pondera Lovatel.