Basta um rápido passeio com um cadeirante pelo Centro para notar a importância de discutir a acessibilidade em Caxias do Sul. É claro que a crescente construção de rampas de acesso nas principais vias tem facilitado a vida dos cadeirantes, mas o que chama a atenção é o estado de conservação destes acessos. Além de esburacadas e rachadas, há rampas retiradas em obras do SIM Caxias que não foram repostas. Esta observação pode passar despercebida pela maior parte da população, mas para quem depende de cadeira de rodas para se locomover, está na ponta da língua.
- Estas rampas que foram construídas com cimento cedem e racham com o tempo -avalia o cadeirante Carlos Eloi Lucena de Souza, 63 anos.
O aposentado reconhece que a quantidade de rampas de acesso tem crescido dia após dia, mas enxerga a necessidade da manutenção delas. Na manhã de ontem, quando o tempo ensaiava a chuva, Souza já driblava o acúmulo de água no calçadão da Júlio de Castilhos com agilidade em sua cadeira de rodas motorizada. Quando precisou descer da calçada da Júlio, em uma das esquinas da Montaury, encarou uma rampa com buraco e poça d'água.
- Mas essa tá boa ainda. Quando chove bastante, algumas ficam alagadas e atravessamos a rua no meio da água - avalia.
Uma situação atípica está na Pinheiro Machado, também esquina com a Montaury. Após as obras do SIM Caxias, uma das quatro rampas não voltou a ser colocada. Para atravessar a rua agora, o cadeirante precisa ir até uma entrada de garagem, invadir o trânsito da Montaury e descer até a Bento - ou então atravessar três esquinas pela faixa de segurança. Souza agora foca a atenção nas obras da Rua Garibaldi com a Pinheiro Machado, que estão em andamento. Julga a inclinação de uma das rampas que ficava ali inadequada, e percebe que possivelmente será refeita com as mesmas medidas.
- Eu conseguia subir essa rampa porque a cadeira é motorizada, mas sei que meus colegas que têm cadeiras manuais, não conseguem - observa.
A responsabilidade da manutenção das rampas de acesso é da Secretaria de Trânsito e Mobilidade mas, em meio à revitalização da Júlio, a pasta de Obras promete reparar as esquinas da Avenida. Até agora, a Andrade Neves e Alfredo Chaves receberam rampas novas, adequadas às normas de largura, que variam entre 0,8 e 1,3 metro de largura.
- Eles têm razão em reclamar. São rampas antigas, feitas com pouco concreto, que tornam a vida deles bem complicadas - opina o secretário de Obras, Adiló Didomenico
As obras devem seguir nos próximos cinco meses.
De acordo com o secretário de Trânsito Manoel Marrachinho, as rampas de Caxias são consideradas, na média, de boa qualidade. Ele não descarta que possa ter acontecido alguma remoção de acesso com as obras do SIM, mas orienta a comunidade que informe o órgão público, para que possam ser realocadas.
- A regra era que todas fossem recompostas, mas com o grande volume de obras, pode acontecer. Contamos com a ajuda de todos - afirma.
Mobilidade
Rampas de acesso das ruas do Centro de Caxias estão deterioradas
Rampas estão esburacadas, rachadas e com nível de inclinação inadequado
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