Uma guarita de salva-vidas gerou um daqueles incidentes que exigirá um verdadeiro acordo de cavalheiros entre veranistas e nativos de Arroio do Sol, no Litoral Norte. A estrutura de madeira sequer tem um socorrista designado para a temporada, mas vem sendo disputada no muque pelos frequentadores das praias de Camboim e de Areias Brancas.
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Durante anos, a guarita 32 beneficiou banhistas que buscam refresco nas águas de Areias Brancas. Bem ao lado, os frequentadores de Camboim, praia pequena que aspira crescimento, eram obrigados a entrar no mar sem o olhar atento de salva-vidas justamente por falta de uma torre de observação.
A Associação dos Amigos, Moradores e Veranistas da Camboim, criada em 2013, se mobilizou nos últimos dois anos e conseguiu a façanha típica dos movimentos comunitários: o compromisso do poder público de achar uma solução.
Antes do Natal, a prefeitura de Arroio do Sal convocou operários e retirou a guarita que ficava em frente a um quiosque de Areias Brancas, no limite entre as duas praias. A estrutura foi fincada na areia, a cerca de 150 metros do ponto original. Guaraci Freitas, presidente da associação, e amigos engajados nas melhorias de Camboim posaram orgulhosos para uma foto adornada pela guarita ao fundo.
O feito durou muito pouco. No final da tarde de sábado passado, quatro ou cinco homens não identificados formalmente uniram forças para carregar a torre de volta para Areias Brancas. Entre os forçudos, estaria um policial militar, segundo testemunhas contaram para Guaraci.
Os veranistas de Camboim não gostaram nem um pouco do desaforo e procuraram a prefeitura. Eles lembram que a praia ao lado tem ao menos três guaritas à disposição. Enquanto o impasse permanece, os veranistas e nativos molham os pés sem a vigilância providencial de um salva-vidas.
Remoção sem autorização
A prefeitura de Arroio do Sal garante que não autorizou o retorno da guarita para a praia vizinha, e atribui o controle das estruturas à Brigada Militar (BM). O major Cláudio Ricardo Pereira, coordenador administrativo da Operação Golfinho, diz que não é bem assim.
- A tarefa de remoção de guaritas nas praias é exclusiva da prefeituras. A Brigada só fornece os servidores nos postos de acordo com a estrutura mantida pelos municípios. Não tivemos participação nesse caso - afirma o oficial.
Guaraci e amigos têm outras teorias conspiratórias:
- Camboim não começou como praia de banho, mas vem crescendo cada vez mais. Só que tem pescadores de verão que não querem banhistas por perto. Tem também um comércio que teme perder clientes com a saída do posto de salva vidas de Areias Brancas - supõe o presidente da associação.
Nesta quarta-feira, o secretário de Turismo, Esporte, Indústria e Comércio de Arroio do Sal, Mateus Coelho Ribeiro, prometeu transportar novamente a guarita para Camboim antes da virada do ano. Resta saber até quando vai perdurar o vai e vem.
Camboim é uma praia com menos de um quilômetro de orla, mas com larga faixa de areia.
Vai e vem
Guarita de salva-vidas é disputada à força em Arroio do Sal
Torre de madeira é objeto de desejo para veranistas das praias de Camboim e de Areias Brancas
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