Nesta quarta-feira, familiares e amigos de suspeitos de crimes ameaçaram abertamente moradores do loteamento popular Campos da Serra, em Caxias do Sul. Após publicação de reportagem sobre a grave insegurança vivenciada por trabalhadores e donas de casa, a Brigada Militar (BM) foi acionada no final da manhã para escoltar uma mulher expulsa da própria casa por um grupo de homens e mulheres.
Moradores relatam a rotina ao lado de criminosos em condomínio de Caxias
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A moradora sequer tinha conhecimento da reportagem ou relação com as denúncias investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF). Contudo, como ela é síndica do local, o bando envolvido em delitos a considera um estorvo. A mulher saiu de casa numa viatura e não pretende voltar.
Os agressores desta quarta são conhecidos de boa parte dos moradores e mantêm perfis em redes sociais, onde ameaçam vizinhos e fazem apologia ao crime. Os perfis no Facebook são abertos e podiam ser visitados por qualquer pessoa até a tarde de terça-feira. A turma intimidou a síndica, mas ignora que a apuração sobre os crimes ocorre desde setembro por meio de relatos enviados por órgãos federais.
Segundo informações apuradas pela reportagem, traficantes e comparsas têm a pretensão de repelir a presença da polícia e afastar ações contra a venda de drogas, além de facilitar a circulação de armas e assaltantes pelos apartamentos. As ameaças desta quarta-feira foram registradas por câmeras de segurança. Em dias anteriores, criminosos também picharam frases em muros com ameaças a possíveis informantes.
A situação ocorre em alguns condomínios do Campos da Serra. Também lembra o cenário de condomínios de Porto Alegre, onde a polícia prendeu criminosos que expulsavam moradores para usar os imóveis como ponto de tráfico de drogas no início de outubro.
Sem intervenção das autoridades, a tendência é de que o Campos da Serra trilhe o mesmo caminho da Capital. Outro fator que contribui para o fortalecimento da bandidagem é a omissão: muitos moradores não se envolvem por medo ou desqualificam as denúncias.
Investigação e policiamento
O subcomandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM), major Emerson Ubirajara de Souza, diz que a ação da BM se limita ao lado de fora. A corporação não tem como agir nos pátios ou dentro dos imóveis sem mandados judiciais, segundo oficial. As abordagens de rua serão mantidas, de acordo com o major.
O titular da Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), Mário Mombach, ouviu boatos sobre o tráfico de drogas nos condomínios e manterá investigação para identificar criminosos.