Ouço gente dizendo que o Serra em Debate que começa hoje em Bento é um desperdício de tempo, de energia, de dinheiro. Os críticos do programa lançam o primeiro e mais simplório argumento à mão: Estado e União estão falidos, portanto não investirão em estradas, trens, aeroportos, etc. Se, seguem os céticos, até agora nada ou muito pouco foi feito, não será desta vez que.
Permitam discordar: a cena pública em estado falimentar não pode resultar em acomodação generalizada.
Os pleitos da Serra não são pouca coisa, sabemos, por isso não será com um canetaço apressado que tudo será resolvido. Estradas, trens e aeroportos são artigos caros, demorados para implantar. Para chegar lá, o Serra em Debate persegue uma fórmula consagrada, talvez o único caminho para obter algum sucesso.
Democraticamente, a iniciativa acomoda pessoas, entidades e órgãos na mesma mesa e disseca os nós que travam o desenvolvimento. Por fim, daqui alguns meses, a série de encontros será relatada num documento em que vão constar os principais nós e as respectivas sugestões para desatá-los. O documento será enviado a todas entidades, órgãos e autoridades que a Serra julga serem sensíveis aos pleitos.
Simples assim.
O Serra em Debate não é um programa ingênuo como pode parecer num olhar de relance (ou preconceituoso). Pelo contrário, politicamente a intenção é marcar território com dados concretos e com mostras irrefutáveis de que que existimos e que pretendemos crescer para cima. Seria burrice esperar que os governos juntem seus cacos para só daí entrarmos em cena.
Casos exemplares de batalhas difíceis e que foram vencidas são a Rota do Sol, a BR-116 e o Hospital Geral - para ficar em três bandeiras regionais que desafiaram diversos governos antes de serem fincadas de verdade.
Governos vêm e vão, alguns mais outros menos atolados em crises, enquanto a vida cá na realidade prossegue claudicante atrás de estradas, de trens, de aeroportos, etc.
Opinião
Gilberto Blume: governos vão e vêm, enquanto a vida cá na realidade segue claudicante atrás de providências
A cena pública em estado falimentar não pode resultar em acomodação generalizada
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