O fechamento temporário da UTI pediátrica do HG é creditado a um impasse trabalhista entre o hospital e os médicos plantonistas. A suspensão do atendimento de fato é consequência direta desse impasse, mas.
Mas a suspensão do atendimento é bem mais complexa do que um impasse trabalhista. A questão, necessariamente, é administrativa, de gestão, de falta de política pública de saúde.
Em suma, a saúde pública carece dos mesmos cuidados que a segurança, a infraestrutura e a educação carecem, por isso está sujeita a impasses.
Resultado, na prática Caxias está sem leito de UTI pediátrica - e isso é impressionante, extraordinário e grave, muito grave.
É desalentador saber que um setor como a saúde está tão fragilizado que corre o risco de suspender o atendimento numa UTI por causa de divergências trabalhistas entre gestores e médicos.
O cenário permite a seguinte interpretação: a saúde está tão mal administrada que todos os médicos plantonistas de uma UTI deixam de trabalhar ou são impedidos de trabalhar (agora tanto faz) e a UTI simplesmente fecha, como se tal desfecho fosse natural, normal, aceitável.
Não é.
Agora que a UTI está fechada, ao cidadão pouco importa de quem é a responsabilidade.
Para dezenas de milhares de pais da região tanto faz se os médicos radicalizaram, se os gestores radicalizaram, se.
Como sempre, as autoridades cumprem direitinho o protocolo: tentam amenizar, rebatem que criança alguma ficará sem atendimento. É tranquilizador ouvir isso, mas isso é pouco.
Além de reabrir a UTI imediatamente, importa assimilar o episódio e tentar, mais uma vez, planejar e adotar medidas que sejam interessantes aos médicos, aos gestores, à população.
O cenário atual, porém, insiste em desfazer mesmo o menor otimismo em relação à adoção de políticas públicas em qualquer setor vital para a sociedade.
Ainda seguiremos reféns durante longo tempo de governantes, parlamentares e juízes indiferentes às necessidades e interesses da maioria da população - em qualquer setor que se olhe, a expectativa é ruim.
Oremos.
Opinião
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