Entre 1910, quando foi inaugurada, e 1976, quando se tornou apenas um terminal de cargas, a Estação Férrea de Caxias do Sul mudou a vida de milhares de pessoas. Reconhecendo a importância das locomotivas a carvão na história da Serra, em 1985 foi promovida uma série de viagens comemorativas ao aniversário de 75 do município.
Até meados da década de 1990, os trilhos serviram para o transporte de cargas. Hoje, os mais de 20 anos sem uso e manutenção são visíveis na estrutura. Grande parte do traçado desapareceu e o que ainda resta exibe as marcas do abandono.
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O valor histórico é preservado na Praça do Trem, em Caxias, mas é só sair da área para que os trilhos desapareçam entre ruas e construções do bairro São Pelegrino. Vizinhos das casas, os trilhos somem em meio à capoeira dos terrenos baldios no bairro Floresta. Nas ruas, um problema comum a outros trechos na área urbana: a pavimentação sepultou a estrutura sob camadas de asfalto, como na Rua Sarmento Leite. Onde os trilhos ainda aparecem, faltam dormentes e os que restam estão podres.
A Vila Esperança convive em paz com os trilhos, mas não em harmonia. Em menos de duas décadas os trilhos foram rodeados por casas. Há trechos em que a estrutura foi tapada com terra, criando uma rua, como acontece também na Vila Amélia. Em outros, foi transformado em extensões das casas, como áreas cobertas.
Um dos trechos melhor conservados fica no Desvio Rizzo. Apesar dos dormentes envelhecidos, a estrutura foi bem incorporada à paisagem urbana, visível em um nível mais alto que as ruas e rodeada de grama.
Os trilhos estão aparentes e, apesar de velhos, relativamente bem conservados em Forqueta, no interior de Caxias. A estação também resistiu ao tempo e hoje é mantida pelo ex-ferroviário que mora no local.
Próximo ao antigo posto do Grupo Rodoviário da Brigada Militar de Farroupilha, os trilhos cruzavam a ERS-122 através de uma ponte. Hoje, só o que resta são algumas peças enferrujadas e dormentes podres parcialmente enterrados na brita.
No Centro de Farroupilha, a antiga Estação Nova Vicenza foi abandonada. Pichações nas paredes, portas quebradas e lixo tomam conta da estrutura, ainda vizinha de trilhos em situação um pouco melhor que o prédio.
Até sair da área urbana de Farroupilha em direção a Carlos Barbosa, os trilhos são visíveis. No Centro parecem bem conservados, apesar dos problemas que aparecem com o tempo e falta de manutenção, como madeiras podres. Árvores ladeiam a estrutura na Rua Rômulo Noro e precisariam ser cortadas caso a linha fosse reativada.
Rente aos trilhos no bairro São José, em Farroupilha, há garagens, casas de cachorro e gaiolas com galinhas. Em alguns pontos, o trilho também acumula lixo e é cercado por grama alta.
A histórica estação ferroviária de Nova Sardenha foi abandonada há tempo. Ex-ferroviário, Pedrinho Maffei Bachmann ainda é vizinho dos trilhos. Por oito anos ele morou no prédio. Aposentado há 25 anos, continua morando a poucos metros da Estação e pôde ver sua antiga casa virar apenas um prédio abandonado, sem piso, com o telhado caindo e as paredes pichadas.
Na Estação de Trem de Carlos Barbosa, tudo funciona. Diariamente a Maria Fumaça faz viagens a Bento Gonçalves, se tornando um ponto turístico. O problema começa no sentido contrário: poucas quadras depois da estação, em direção a Farroupilha, os trilhos foram abandonados.
Em alguns trechos da zona rural é possível ver os trilhos ladeando as estradas. No Desvio Machado, em Carlos Barbosa, casas foram construídas muito próximas à estrutura, que some mata adentro na mesma localidade.
História
Trilhos de trem entre Caxias e Carlos Barbosa exibem as marcas do tempo sem uso
Nos pontos onde a estrutura ainda é visível, aparecem também os problemas que surgiram em 20 anos
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