A crônica de ontem fechou com uma pergunta: por que nem todas as 188 farmácias de Caxias recebem remédios vencidos conforme preconiza a Anvisa?
As duas respostas.
Porque falta vontade das farmácias e porque não há fiscalização dos órgãos públicos.
Nesta semana telefonei para dezenas de farmácias, algumas integrantes de redes com até 15 lojas, perguntando se recebiam remédios vencidos. Foi difícil obter resposta positiva. Fiz por telefone a peregrinação empreendida pela leitora que relatou a dificuldade para evitar jogar remédios vencidos no lixo.
A falta de vontade.
As farmácias só existem porque mantêm o Programa de Gerenciamento de Resíduos, pré-requisito para obter o alvará de funcionamento da Vigilância Sanitária Municipal. Se as farmácias existem, logo têm o tal programa para recolher os próprios resíduos. Se têm o programa, por que não recebem da população remédios vencidos?
A estrutura exigida pelos órgãos sanitários e de saúde funciona só parcialmente, muitas vezes recebe somente resíduos da própria farmácia. O cidadão, esse continua desamparado, e provavelmente joga remédios no lixo, tudo o que a legislação tenta evitar ao responsabilizar as farmácias pelo recolhimento.
A falta de fiscalização.
A Vigilância Sanitária, repartição que concede alvará de funcionamento às farmácias mediante apresentação do Programa de Gerenciamento de Resíduos, não fiscaliza a origem dos remédios depositados nos coletores das farmácias. A explicação faz sentido: o papel da Vigilância é observar se a farmácia gerencia os resíduos corretamente. Tanto faz se o remédio contido no coletor é da dona Maria ou é sobra da farmácia. Na prática, é impossível descobrir a origem dos remédios. Essa brecha na fiscalização não é culpa da Vigilância, mas a falha serve para as farmácias relaxarem as regras.
O cidadão que quiser entregar remédios vencidos e a farmácia não aceitá-los, pode fazer a denúncia no Alô, Caxias, fone 156.
Boa notícia para contrabalançar a má notícia acima: Caxias tem endereço certo para receber remédios dentro do prazo de validade que sobraram em sua casa. É a Casa Madre Teresa, na Pinheiro, n° 1000.
Opinião
Gilberto Blume: por que o sistema criado para recolher remédios vencidos funciona só parcialmente?
O cidadão, esse continua desamparado, e provavelmente joga remédios no lixo
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