Se há alegria na simplicidade, Ilson Laidens é a prova. Teve uma vida sem luxo e sem sonhos de grandes posses, riquezas ou viagens. Não casou nem teve filhos. Chorou a morte dos pais e de nove do 10 irmãos, mas não muito, porque não é de se lamentar. Cuidou da mãe com câncer, que morreu em 1981. Da vida, não guarda mágoa ou rancores.
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A única irmã viva, que não vê há uma década, tem mais de 80 anos e mora em Santa Catarina. A última conversa por telefone faz oito meses. No lar, recebe as visitas das sobrinhas, com quem passa as festas de finais de ano. Solidão? Não para quem tem a companhia dos livros.
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Leitor voraz, só neste ano, mais de 10 passaram pelas mãos de Ilson. Na pequena biblioteca particular, em um armário no próprio quarto, ele guarda obras espíritas e religiosas, seus tesouros.
Da infância, lembra dos modestos presentes de Natal: um ovo de galinha pintado. Aposentou-se como porteiro, profissão que seguiu por 20 anos.
- Tendo dinheiro para dormir, comer e uma muda de roupa estava bom - lembra.
Galanteador, Ilson teve muitas mulheres - namorou três ao mesmo tempo - garante.
Chegou a ganhar um carro - uma kombi - de uma delas. Não se apaixonou por nenhuma.
- Mulher gosta de ser elogiada, se ela muda o penteado, tem que falar.
Peço um conselho e ele diz:
- Não passe ninguém para trás, viva bem em família e estude.
São as lições de Ilson Laidens.
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