A intolerância nossa de cada dia provoca danos de todas as grandezas. O Estado Islâmico está arrasando cidades do Oriente, executando gente sem parar, barbarizando. O grupo terrorista é poderoso, não dá sinais de arrefecer, impõe à força a hegemonia defendida pelos extremistas do Islã. A explicação para tanto horror é religiosa, mas é evidente que essa justificativa apenas mascara interesses econômicos. Vivemos experiência semelhante séculos atrás, quando as monarquias ocidentais, aliadas à Igreja Católica, cometeram barbaridades para se impor e, naturalmente, enriquecer.
Também é com interesses econômicos que milhares de depauperados africanos estão se lançando ao mar para alcançar a Europa. A Europa tenta defender seus interesses como pode diante dessa invasão de gente sem trabalho, sem comida. Não é por outros motivos que haitianos e senegaleses ingressam legal ou ilegalmente no Brasil. Estão atrás da mesma dignidade buscada pelas multidões que atracam na Europa.
A intolerância dos terroristas do Estado Islâmico é diferente da intolerância aplicada por europeus e brasileiros que se sentem ameaçados com as ondas migratórias porque lá no Oriente a coisa é muitíssimo mais violenta, cruel, bárbara.
Pudéssemos, muitos de nós daqui e da Europa que se querem civilizados estaríamos apedrejando imigrantes em praça pública. Os povos dominados pelo EI nada podem. Aterrorizados, oram para não ter a cabeça cortada. A fervura exala aroma de guerra, de nova intervenção ocidental nas plagas orientais.
Por que somos doentiamente intolerantes é questão longe de ser esclarecida.
No fim tive um pneu furado. Ao trocá-lo, em casa, o macaco não deu conta, o equipamento n]ao levantava o carro até o ponto que permitisse a remoção do pneu furado. Fui até uma borracharia buscar ajuda, quem sabe o senhor vai lá com seu macaco poderoso e troca o pneu, por favor?
- Não posso, não tenho como deixar a borracharia sozinha.
Seu Luis, o borracheiro, sequer cogitou me emprestar um macaco.
- Já perdi três macacos bons que emprestei e que jamais devolveram.
Seu Luis está intolerante porque foi sacaneado em sequência, perdeu dinheiro, foi desrespeitado.
- Um calço de madeira sob o seu macaco resolverá o problema _ ensinou.
- O senhor me empresta a madeirinha?
- Mas como emprestar se ninguém devolve o que pega emprestado?
Insisti, supliquei, prometi fidelidade.
Depois de trocar o pneu graças ao taco de madeira obtida na borracharia, retornei e devolvi o calço, agradecido.
Seu Luis recebeu a madeirinha e sorriu.
Só sorriu.
Tomara ele ganhe mais exemplos de que é possível ser tolerante em qualquer situação.
Opinião
Gilberto Blume: tomara Seu Luis ganhe mais exemplos de que é possível ser tolerante em qualquer situação
A intolerância nossa de cada dia provoca danos de todas as grandezas
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