Nesta segunda e terça-feira o Hospital do Círculo, em Caxias do Sul, recebeu o cirurgião plástico e craniofacial Renato da Silva Freitas, de Curitiba (PR). Durante dois dias foram realizadas oito cirurgias em pacientes com lábio leporino, como é chamada a fissura labiopalatina. Durante os procedimentos, o profissional compartilhou uma nova técnica cirúrgica com a equipe caxiense.
- Essa técnica proporciona melhor qualidade de cicatriz, fica menos perceptível. O intuito é que fique cada vez menos aparente - diz o chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do HC/UFPR e cirurgião craniofacial do Centro de Atendimento Integral ao Fissurado Labiopalatal (Caif), explicando que trata-se de um formato diferente para os cortes que vão ligar os dois lados da fissura.
A cirurgia costuma ser realizada com anestesia geral. O cirurgião pediátrico e chefe da equipe técnica do Pró-Face, Carlos Gandara, explica que é feita a reconstrução da área. Para isso são usados pequenos retalhos do lábio, recuperando todas as camadas do tecido, como pele e músculos. O mesmo é feito no palato.
A recuperação é rápida: em geral o paciente fica apenas um dia no hospital. Na manhã desta terça-feira, Franciele Marmentine da Silva deixou o Círculo um dia depois da cirurgia do filho Davi da Silva Ferraz. O menino de quatro meses fez a reconstrução do lábio na segunda-feira e no dia seguinte já pôde voltar para casa, em Campestre da Serra. Mais tarde, quando Davi tiver um ano, deve realizar a reconstrução do palato.
O ideal é que todos os bebês com a má-formação iniciem o tratamento o mais rápido possível, assim como Davi. Dessa forma a má-formação deixa menos sequelas e há menores chances de desenvolver problemas relacionados.
A gerente do Pró-Face, Ivonete Polidoro Pontalti, explica que após a avaliação multidisciplinar, a primeira cirurgia é marcada para quando o bebê tiver cerca de três meses. A segunda intervenção costuma ser realizada com um ano. Normalmente o tratamento se estende até os 18 anos, quando a face para de crescer e é possível fazer os últimos ajustes estéticos.
Apesar de a maioria dos pacientes serem crianças, o Pró-Face recebe diversos casos de adultos que convivem com a fissura labial. Conforme Gandara, o tratamento nesses casos normalmente dura entre três e quatro anos.
O Hospital do Círculo, através do serviço Pró-Face, é referência no estado para tratamento da má-formação, junto com a Fundef em Lajeado e o Hospital de Clínicas na Capital. Segundo o cirurgião pediátrico e chefe da equipe técnica do Pró-Face, Carlos Gandara, a cirurgia leva em torno de duas horas e cerca de 90% dos pacientes são oriundos do SUS. Para obter o tratamento, basta buscar atendimento em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS) de um dos municípios da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde.
Como buscar tratamento
Os profissionais da UBS agendam uma consulta no Hospital Círculo para avaliação e o tratamento tem início em seguida. A abordagem é realizada por uma equipe multidisciplinar que envolve médicos de várias especialidades e profissionais de diversas áreas, como fonoaudiologia, ortodontia e psicologia.
Na última quinta-feira de cada mês, todos os profissionais se reúnem na Pró-Face para receber os pacientes novos, debater a melhor abordagem de cada caso e elaborar o plano de tratamento. Não há fila de espera, de acordo com a gerente do pró-Face, Ivonete Polidoro Pontalti. Cerca de 600 pacientes estão em tratamento e oito cirurgias são realizadas por mês. A fissura labiopalatina é considerada o quarto defeito congênito mais comum no mundo, com um caso a cada 650 nascimentos.
Medicina
Nova técnica é aplicada em cirurgias de lábio leporino em Caxias do Sul
Especialista do Paraná aplicou o método em oito pacientes do Hospital do Círculo
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