Sigo com a segunda e (espero) última parte do esboço do que pode vir a ser um samba-enredo. Estávamos em 1902, quando o gaúcho Plácido de Castro se aliou aos seringueiros brasileiros revoltados contra a Bolívia porque o país pretendia entregar por 20 anos a exploração da borracha da região do Acre aos ianques.

A experiência militar de Plácido alçou-o naturalmente à posição de líder dos seringueiros, como se o gaúcho fosse um Chico Mendes, mas armado até os dentes. La Paz não engoliu a tomada de Xapuri e enviou o exército. Os seringueiros não se intimidaram. Comandados por Plácido, empregaram táticas de guerrilha, surgiam inesperadamente da floresta em ataques relâmpagos. Poucos meses depois, toda a região se encontrava em poder dos seringueiros. Para arrematar, faltava dominar o último reduto boliviano, Porto Acre. Os combates duraram três dias. Bolivianos corridos, os revoltosos proclamaram o Estado Independente do Acre. Plácido foi governador do Estado Independente do Acre entre agosto de 1902 e fevereiro de 1904.
A expulsão dos bolivianos, porém, não significou o fim da tensão nos seringais. O governo brasileiro, no Rio de Janeiro, tinha informações de que a Bolívia preparava ataque fulminante. Solução: negociar. Entrou em cena o barão do Rio Branco, então ministro das Relações Exteriores e mencionado nas salas de aula por feitos outros. A refrega foi solucionada com a assinatura do Tratado de Petrópolis: o Brasil comprava o Acre da Bolívia por 2 milhões de libras esterlinas, cedia algumas terras no Mato Grosso e construía a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, acesso da produção boliviana ao Rio Amazonas. Paz selada, Plácido retorna aos seringais, adquire extensas áreas, vira prefeito de Alto Acre e, como é comum nesse brasilzão, coleciona desafetos.
Em 9 de agosto de 1908 Plácido sofre uma emboscada e...
Não consegui concluir hoje o resumo resumido da vida de Plácido de Castro, o homem que é nome da rua da nova pista de eventos de Caxias e que, combinemos, já merece virar samba-enredo - senão pelo feitos nortistas, que seja pelos mandos e desmandos no Carnaval de Caxias.
Prometo, contudo, compensar a paciência dos 17 leitores da coluna com um fim apoteótico.
Até amanhã.