
Porto de Galinhas, em Pernambuco, ficou conhecida pelas praias de águas cristalinas e pelas piscinas naturais que se formam nos arrecifes quando a maré baixa. Mas esse que é um dos refúgios mais badalados do Nordeste brasileiro também permite ao turista experiência próxima aos animais.
Uma delas é nas próprias piscinas naturais, que também represam inúmeros peixes e permitem que os turistas mergulhem e nadem ao lado deles.
Também são nas praias da região, conhecidas como Caribe brasileiro, que as tartarugas marinhas desovam, entre setembro e abril, com pico no mês de janeiro. Um ciclo de vida natural difícil de compreender à lógica humana. A cada mil filhotes soltos no mar pelos biólogos, procedimento que os turistas podem vivenciar, somente um ou dois sobreviverão. Se a tartaruga que conseguir resistir for fêmea, quando chegar à idade reprodutiva, 25 anos depois, ela retornará exatamente à mesma praia para desovar. Coisas que só a mãe natureza sabe explicar.
Para saber onde e quando os filhotes serão soltos, entre em contato com a ONG Ecoassociados, responsáveis pelo monitoramento das tartarugas: (81) 3552-1943.
A região, que fica a cerca de 60 quilômetros da capital Recife, também é um habitat natural dos cavalos marinhos. Na vizinha Pontal de Maracaípe, é possível visitar um berçário deles, num passeio que a Associação dos Jangadeiros conduz por um manguezal onde também se encontram ostras, siris e caranguejos. Cavalos marinhos de várias espécies também podem ser vistos na sede do Projeto Hippocampus, no centrinho da vila.
Ao mesmo tempo em que o turismo em Porto de Galinhas se massificou apenas na década de 1960, esta localidade do município de Ipojuca, com resorts, hotéis e pousadas para vários os gostos (e bolsos), tem história de longa data.
Antigamente se chamava Porto Rico, por ser o local de embarque de madeira nobre e cana de açúcar. Quando o tráfico negreiro foi proibido, em 1850, a tripulação dos navios passou a usar uma senha para burlar a legislação e avisar da chegada de novos escravos. O sinal era: tem galinha nova no porto, para aproveitar que esses animais, assim como vários outros produtos, também eram trazidos nos navios.
Mas as pessoas também sabiam que se tratava de uma senha e, com o tempo, a região passou a se chamar Porto de Galinhas. Coisas da história, pois, atualmente, homem e natureza convivem em total liberdade.
* O repórter viajou a convite da Associação dos Hotéis de Porto de Galinhas
ALGUMAS DICAS
Piscinas naturais
Para ir às piscinas naturais, informe-se primeiro do horário de maré mais baixa - os hotéis normalmente têm a tábua de marés. Os passeios são conduzidos pelos jangadeiros (cerca de R$ 20 por pessoa). Leve chinelo para caminhar com segurança sobre os arrecifes e para não se machucar pisando nos espinhos dos ouriços-do-mar. Também é possível fazer mergulho livre ou com cilindro no local.
Projeto Hippocampus
A visitação aos cavalos marinhos é de terça a domingo, das 9h às 13h, e das 14h30min às 17h, com ingresso a R$ 5. Rua Esperança, s/nº.
Ponta a ponta
Um dos passeios de buggy mais famosos: vai da praia do Muro Alto, onde há uma enorme piscina natural, até o Pontal do Maracaípe, passando pela praia do Cupe com uma parada numa reserva da mata atlântica. Custa cerca de R$ 200 para quatro pessoas, mas o preço e o tempo do passeio podem ser negociados diretamente com o bugueiro.
Vila
A vila de Porto de Galinhas é o centrinho do local. Muito agradável para caminhadas à noite. Uma das atrações é a feira de artesanato, aberta diariamente das 14h às 22h. Muitas das peças são galinhas, mas é possível encontrar todo o tipo de arte local.
Gastronomia
Hotéis e restaurantes oferecem farta gastronomia. Entre os alimentos típicos está o bolo de rolo, feito a partir de uma massa fina enrolada em recheios como goiabada, doce de leite e chocolate. A tapioca é tradicionalmente servida nos cafés da manhã dos hotéis.
Chuvas
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a maior incidência é entre abril e julho. Mas é quente o ano inteiro.
Recife
Quem está em Porto de Galinhas precisa reservar um dia para visitar outras duas importantes cidades, Recife, a cerca de 60 quilômetros. Recife é cheia de história, sobretudo no centro antigo, totalmente revitalizado. Destaquespara o Paço do Frevo (ingresso a R$ 6), um museu dedicado ao ritmo cultural mais famoso de Pernambuco, e Cais do Sertão, um velho armazém do porto que foi totalmente revitalizado para abrigar um museu do homem sertanejo, com ingresso a R$ 8.
Na Praça do Marco Zero estão as esculturas de um dos mais famosos artistas do Estado, Francisco Brennand. Se der tempo, visite o atelier do artista, a Oficina Brennand. Ricardo Brennand, primo de Francisco, é outro artista famoso, e seu espaço, o Instituto Ricardo Brennand (www.institutoricardobrennand.org.br), foi considerado o melhor museu da América do Sul pelo site TripAdvisor.
Olinda
Ao lado de Recife está Olinda, com seu centro histórico considerado patrimônio cultural da humanidade pela Unesco. Suba as ladeiras por onde milhares de pessoas percorrem anualmente num dos carnavais mais famosos do Brasil. No alto delas está a Catedral da Sé, que começou a ser construída em 1537. Dela é possível ver a paisagem mais bonita de Olinda, com as praias ao fundo e na frente a Igreja do Carmo, de 1580, uma das mais antigas instalações da Ordem dos Carmelitas das Américas - que tem um braço em Caxias do Sul, na Avenida São Leopoldo.