Uma dona de casa de 49 anos apelou às redes sociais para denunciar a baderna que tira o sono dela e de vizinhos no bairro São Leopoldo, em Caxias do Sul. Há mais de três anos, Marlise Nedel Feier e o marido mal conseguem dormir à noite porque turmas transformaram a Rua Fernando Francisco Kahler em ponto de festa e confusão.
Moradora do bairro São Leopoldo gravou cenas de baderna. Assista:
Ela não é a única cidadã incomodada pelas algazarras que atingem o ápice no verão em vários endereços da cidade. Em novembro, as reclamações de perturbação do sossego aumentaram 50% em relação a meses anteriores, segundo a Brigada Militar (BM).
Durante o ano, em média, foram 200 chamados para o 190 da BM. Em novembro, os telefonemas saltaram para 300, com tendência de se manter assim até o final do verão. A área no entorno de postos e lojas de conveniência na área central, o bairro Desvio Rizzo (lagoa) e o bairro São Leopoldo são os pontos de Caxias com mais reclamações.
Impedir que gente sem noção tire a tranquilidade alheia requer ajuda da população, que deve registrar a queixa e demonstrar interesse em seguir com a denúncia na Justiça.
Marlise fez tudo o que a cartilha prega, mas não adiantou. Ela ainda convive com a baderna na porta de casa.
Sem obter o resultado desejado por meio de abaixo-assinado, documentos e de ações da polícia, ela decidiu publicar vídeos sobre as confusões no perfil que mantém em uma rede social. Os flagrantes nos últimos meses mostram exemplos de afronta à boa convivência e ao descanso dos moradores, na visão da dona de casa.
Gente de todas as idades usa a quadra para ouvir som a todo volume, gritar, dançar no capô de veículos, roncar motores de motos sem escapamento, quebrar garrafas na calçada e consumir bebida alcoólica. As exibições são protagonizadas por grupos diferentes, geralmente na madrugada e avançam até o amanhecer. Não há bares ou casas noturnas para justificar a presença de público. Ficou comprovado inclusive que um bar e um posto de combustíveis nas proximidades não atraem tais turmas. Além das reuniões barulhentas, os bandos deixam para trás o lixo da noitada.
A paciência da mulher se esgotou porque as ações seriam insuficientes para controlar os baderneiros. Em 2012, Ministério Público, Brigada Militar e Secretaria de Trânsito receberam assinaturas de 140 pessoas pedindo providências. O poder público melhorou a iluminação, cobrou o cercamento de um terreno baldio e da calçada de uma empresa onde havia reuniões, e ampliou a fiscalização. Deu certo por um tempo, mas as festinhas voltaram com força.
Novo pedido de ação foi encaminhado, mas o MP indeferiu por entender que a solução ali depende exclusivamente de policiamento. Na madrugada da último sábado, a festa foi grande. Uma blitz, porém, surpreendeu os baderneiros. Deu resultado.
- Na noite de sábado para domingo sumiu todo mundo. Foi uma maravilha - conta Marlise.
Se a dona de casa e vizinhos puderam dormir sossegados, é sinal de que as confusões só terminam mesmo com a presença de PMs e fiscais de trânsito.
Estação dos folgados
Em novembro, Brigada Militar recebeu 300 reclamações sobre badernas em Caxias do Sul
Em um dos casos, mulher usa a internet para denunciar confusões noturnas no bairro São Leopoldo
Adriano Duarte
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project