Apesar dos avanços nas políticas públicas de tratamento de HIV, cresce o número de registros da doença anualmente em Caxias do Sul. Em 2009, foram registrados 161 casos novos de HIV. Em 2012, foram 219. Por mês, são aproximadamente 21 novos diagnósticos.
A política de tratamento da doença adotada pelo Brasil desde 1996 é a de acesso gratuito à medicação antiviral e é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como uma das mais avançadas do mundo. Em 2012, 313 mil pessoas receberam o remédio. O resultado apareceu: aumentou o tempo e a qualidade de vida de quem é portador do vírus.
Porém, com a manifestação da doença no organismo controlada, relaxaram as precauções e campanhas sobre a transmissão.
- Casos em adultos jovens têm sido os mais prevalentes. É um grupo que cresceu ouvindo falar da doença e em meio às campanhas, mas que não tem medo porque não viu as pessoas morrendo por causa da Aids - analisa Lessandra Michelim, médica infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Geral.
O Serviço Municipal de Infectologia de Caxias do Sul acompanha aproximadamente 2.500 pacientes diagnosticados com HIV/Aids. Reduzir a burocracia e facilitar o acesso à medicação é uma das estratégias dos órgãos de saúde no país. Basta ter a receita médica para retirar os remédios na Farmácia do Componente Estratégico.
O Hospital Geral, em Caxias, é a unidade de referência dos 48 municípios da 5ª Coordenadoria da Saúde para internações hospitalares pelo SUS por HIV/Aids.
Porém, superar os próprios medos, entender o que acontece com o corpo e aceitar o tratamento é uma das facetas do HIV. A outra delas relaciona-se à sociedade: o preconceito.
Pedro (nome fictício), 57 anos, descobriu a doença há nove anos. Segundo ele, quebrar as barreiras do preconceito dentro da própria casa foi mais difícil do que aceitar o tratamento.
- Uma sobrinha que morava comigo não pegava no mesmo copo e colher que eu. No banheiro, tinha uma toalha só para mim. Uma das minhas irmãs não queria mais me abraçar. Chegou um momento que eu não aguentei mais. Gritei, xinguei, disse que não poderia ser assim. A partir dali, a relação começou a melhorar. O que mata não é a doença, é o preconceito - diz.
Projeto-piloto
Prevenir e combater o HIV é a idéia de um projeto-piloto que será desenvolvido a partir do primeiro semestre de 2014 no Rio Grande do Sul, quando será ofertado gratuitamente medicamentos antirretrovirais para pessoas com risco elevado de contaminação.
Chamada de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), destina-se a prevenir a infecção principalmente em grupos como profissionais do sexo, usuários de drogas injetáveis e populações de rua e prisional. O termo de cooperação foi firmado entre o Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual da Saúde.
Saúde
Caxias do Sul registra em média 21 novos casos de HIV por mês
Para portadores do vírus, o mais difícil é enfrentar o preconceito
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