Declaradas desde 2011 como de utilidade pública, as terras que deverão ser sede do aeroporto regional podem ter o futuro definido nesta terça-feira. O prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT) e os secretários estaduais do Planejamento, Gestão e Participação Cidadã, João Motta, e de Infra-Estrutura e Logística do Rio Grande do Sul (Seinfra), João Victor Domingues, assinam nesta manhã o Termo de Cooperação que define as atribuições de cada um para desapropriação dos 446 hectares em Vila Oliva.
De acordo com Alceu, o Estado anunciou que poderá investir até R$ 15 milhões na compra do terreno. Acima disso, o município precisará complementar o valor. Como mais de 50% do espaço é produtivo e sedia empresa com 400 funcionários produtora de maçã, o custo poderá ser mais caro do que o imaginado para indenizar os 10 proprietários das terras.
Dono do cultivo de maçã em 245 hectares da área, que preferiu não se identificar, revela que precisará encerrar a produção de aproximadamente 14 mil toneladas anuais do fruto, pois a estrutura ficará obsoleta:
- Além da perda do produto, têm o passivo trabalhista dos funcionários, máquinas e câmaras frigoríficas. Ou seja, não tem como não sair ileso da situação. Mas também sabemos que não há o que fazer. Apenas deixar as tratativas iniciarem e esperar um valor justo.
O empresário relata que a indefinição do destino das terras já prejudicou a produção _ deixou de replantar por não saber o que ocorreria com o espaço. Ele conta que até agora não houve nenhum contato efetivo com o poder público. Para outra moradora de área menor, que também não quis se identificar, além do cultivo de frutas ser a principal renda da família, há um carinho pelas terras transmitidas entre gerações.
- Sentimos com pesar a retirada das terras. Porém, nos preocupa ainda mais não saber de onde vão tirar o valor da indenização. Entendemos a importância do aeroporto, por isso o que nos cabe é deixar acontecer a desapropriação - diz.
Por meio da assessoria de imprensa, a Seinfra afirma que o aeroporto regional da Serra é uma das prioridades do Estado. Dessa forma, investir na desapropriação será um meio de criar condições para o governo Federal arcar com a construção da obra.
O prefeito Alceu diz que é necessário aguardar a certeza do recurso do Estado para iniciar as tratativas com os proprietários. Ele espera que a definição da verba venha nesta terça.
- Acredito que será uma retomada efetiva nas ações. Sabemos que se o valor for acima do que os técnicos avaliam, o município vai ter que encarar, e para isso precisamos nos programar - anuncia.
Embora ainda não saiba se Caxias terá que arcar com parte da desapropriação, Alceu garante que tudo será feito buscando um diálogo com os proprietários.
- Eles têm a garantia de que o valor proposto será feito com análises técnicas. Isso ajudará para que as tratativas sejam mais amistosas possíveis.
Aeroporto em Vila Oliva
Termo de Cooperação de recursos que será assinado na manhã desta terça entre Estado e município deverá ser solução para pagar terras produtivas
Desapropriação das terras do futuro aeroporto regional exigirá parcerias entre Estado e Município de Caxias do Sul
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